sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Camilo defende integração das políticas para reduzir violência

O próximo governador do Ceará, Camilo Santana, defendeu a integração de políticas das principais áreas do governo como mecanismo para tentar reduzir a violência no Estado. De acordo com o futuro gestor, não é o numero de policiais que define a eficiência de ações para combater a insegurança. A entrevista foi concedida ontem, no Palácio da Abolição, enquanto ocorria reunião da equipe de transição do governo com o secretário de Segurança Pública, Servilho Paiva, e demais gestores da pasta.

Mais cedo, Camilo também se reuniu com representantes da Controladoria Geral de Disciplina, vinculada à Secretaria de Segurança. Com o encontro de ontem, a equipe de transição já ouviu integrantes de sete secretarias somente nesta semana.

Ao contrário dos dois primeiros dias, em que as equipes de mais de uma pasta foram ouvidas, ontem, o debate se deu apenas em torno do problema da violência no Estado, com a apresentação de dados mais recentes das ações implantadas pela Secretaria e a divulgação de informações importantes para o planejamento do novo governo. No entanto, Camilo Santana não detalhou o teor dos dados que chegaram ao Palácio da Abolição.


Questionado se a contratação de efetivo policial está entre as prioridades da próxima gestão, Camilo Santana insistiu ser mais relevante integrar as ações de governo. "Onde é que está dizendo que tem que ter x policiais para resolver o problema da criminalidade?", questionou. "Às vezes investir em tecnologia de inteligência dá muito mais resultados", completou.

Ostensivas

Na avaliação do governador eleito, concomitantemente a ações ostensivas para combater a violência, devem ser executadas estratégicas complementares e de integração, como reforçar a iluminação das ruas, ampliar as escolas em tempo integral, garantir o monitoramento de câmeras de segurança 24 horas, além de contar com a parceria de órgãos como o Ministério Público e Tribunal de Justiça.

"Se tem uma área que não vou medir esforços para que a população se sinta mais segura é a da segurança, é preciso integrar mais as áreas do governo. Grande parte do problema se deve ao tráfico de drogas", destaca Camilo, informando que pretende ampliar o combate ao tráfico, embora não detalhe que mudanças quer implementar.

Camilo Santana diz que é cedo para comentar o diagnóstico da segurança pública e ressalta que deverá ser criado um grupo de trabalho para discutir projetos que devem ter continuidade, além de traçar as prioridades da próxima gestão. "Algumas áreas precisam ser mantidas. A ideia é que se crie um grupo de trabalho, essa é uma área delicada, precisamos analisar todas as políticas públicas, as ações para o próximo ano", comenta.

Embora os membros da equipes de transição já tenham anunciado, em entrevistas anteriores, que o primeiro ano de governo deve ser de controle de gastos, Camilo afirma que vai incluir no seu planejamento as principais propostas feitas na campanha eleitoral, cortando "gorduras" da atual gestão, sem informar, porém, quais seriam esses excessos nem o que se poderia cortar.

"Já são oito anos de governo e se criam gorduras em determinadas áreas. No final, vamos nos aprofundar nos estudos e tomar medidas necessárias para o próximo ano", responde. "As medidas que vamos tomar são com base nos compromissos que fiz na campanha. Triplicar as equipes do Ronda, levar UPA para todos os municípios com mais de 50 mil habitantes, vou cumprir as metas para estabelecidas".

Investimentos

Conforme o portal da transparência do Governo do Estado, só neste ano já foram gastos mais de R$ 1,5 bilhão com a segurança pública de quase R$ 2 bilhões programados. Sobre a falta de resultados dos investimentos na área nos últimos anos, Camilo Santana transfere a problemática da insegurança para o âmbito nacional. "Esse não é problema só do Ceará, mas de outras capitais (...) Eu fico imaginando se não houvesse esses investimentos, como estaria o Estado do Ceará hoje", declara.

Durante a entrevista, Camilo salientou por duas vezes os resultados do programa Em Defesa da Vida, iniciativa do atual secretário de Segurança, Servilho Paiva. "Enquanto não combatermos a causa da violência, dando oportunidade aos jovens, vamos continuar nessa", alega.

A equipe de transição não tem reunião prevista para hoje, mas retorna com as atividades já na próxima segunda-feira. O cronograma de quais pastas serão ouvidas na próxima semana não foi totalmente definido, pois está sujeito a alterações, mas o planejamento preliminar é debater com representantes das secretarias da Educação, Recursos Hídricos, Saúde, Infraestrutura, Desenvolvimento Agrário e Pesca.

A intenção do grupo de transição é reunir, neste período, representantes das 27 secretarias estaduais. A expectativa é que os encontros sejam concluídos até 5 de dezembro. Nesta semana, já foram ouvidos os titulares das secretarias das Cidades, do Turismo, do Esportes, da Fazenda, de Planejamento e Gestão, além da Controladoria Geral do Estado.