“Pelo que você está disposto a lutar?” O desafio em forma de pergunta foi feito a mulheres que participaram, na manhã de ontem, da abertura da campanha mundial My Jihad, que utiliza filosofia muçulmana para estimular a construção de uma sociedade justa e solidária. Parte da programação do Outubro Rosa em Fortaleza, o evento ocorreu no Hospital da Mulher e recebeu cerca de cem mulheres envolvidas no combate precoce da doença. Debates da campanha acontecem hoje e amanhã na Capital.
Distante de significar o massacre associado à Guerra Santa, a palavra Jihad, de acordo com Daniela Ernst, diretora-executiva da campanha no Brasil, expressa o esforço de cada indivíduo em exercer práticas de solidariedade que o coloquem no caminho de Deus. Ela explica que o objetivo do movimento é desmistificar a visão negativa que muitos ainda têm sobre a cultura islâmica e “acabar com o ódio, o egoísmo, o orgulho e o preconceito”. A campanha existe há cinco anos e foi criada por Ahmed Rehab, ativista egípcio radicado nos Estados Unidos.
Na manhã de ontem, a organização do evento presenteou as participantes com lenços. A peça não representa somente o compromisso religioso das muçulmanas, mas uma das opções mais procuradas por mulheres que perderam o cabelo durante o tratamento do câncer de mama e buscam alternativas para manter a vaidade feminina.
Nilda Mendes, 55, presidente da associação Toque de Vida, foi diagnosticada duas vezes com o câncer de mama, a primeira quando tinha 33 anos e a segunda aos 49. Nas duas ocasiões, descobriu a doença através do autoexame. “Foi dolorido, mas tive muita força e apoio da minha família. Depois disso, me dediquei à causa inteiramente”, conta, ao lembrar-se do que a motivou para entrar para a associação. A Toque de Vida atende a mulheres que passam ou que já passaram pela experiência do câncer de mama.
A professora Fátima Melo, 59, faz exames preventivos uma vez ao ano e desabafa o medo que sente de ser diagnosticada por ter caso na família e uma amiga que quase não resistiu ao tratamento. “Pra mulher, é muito traumatizante. E é muito bom que estejamos preocupados com o tema, porque só com a união de todos podemos nos aproximar de uma cura.”
Mamografias gratuitas
De acordo com Rosane Maia Gurgel, 41, coordenadora de enfermagem do Hospital da Mulher, são oferecidas na unidade 60 mamografias diárias gratuitas, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17 horas, durante todo o mês de outubro. Pacientes que desejam realizar o exame, mas não têm cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), devem apresentar CPF, RG e comprovante de endereço. Recomenda-se, também, levar as mamografias e exames de ultrassom que já possuir para que o médico possa melhor avaliar o histórico.