quarta-feira, 9 de julho de 2014

A pior derrota em cem anos de história

O brasileiro deverá guardar a noite de ontem na memória. A goleada de 7 a 1 para a Alemanha entra para a história como a pior derrota em cem anos de história do futebol brasileiro. Gols sofridos, ineficácia do ataque, derrota em casa. Os fatores que desenham o título de “maior fracasso futebolístico” são muitos. Nas próximas linhas, O POVO destrincha alguns. 

Antes de começar, no entanto, avisamos: não há comparação entre o resultado de ontem e o Maracanazo - maior fantasma brasileiro até então. Em 1950, perdemos, em casa, uma final de Copa do Mundo por 2 a 1 para o Uruguai. Na época, a seleção brasileira era um time ainda em formação. A Celeste, campeã mundial e bicampeã olímpica, carregava o status de favorita. Fez jus ao peso da camisa e arrancou, de virada, uma vitória sobre os anfitriões.

A derrota em casa fez o Brasil repensar o seu futebol. Nos anos que se seguiram, revelamos novos talentos e repensamos modelos táticos. Levamos a sério uma paixão que despontava como nacional. Em 1958, oito anos depois, fomos, pela primeira vez, campeões do mundo. Criamos um novo estilo de jogar bola e fizemos uma escola copiada por várias seleções vitoriosas. O futebol brasileiro tornou-se uma espécie de grife de alto valor. Desde então, nos acostumamos a ganhar. E alimentamos um sonho: a taça em uma nova Copa disputada em casa. Até ontem.

RECORDES NEGATIVOS

O 7 a 1 contra a Alemanha foi o placar máximo que um adversário conseguiu imprimir contra a Canarinho. Antes disso, o recorde era um 6 a 0 para o Uruguai, em 1920, em uma Copa América. 

Em Copas do Mundo, possuíamos uma história de respeito. Nossa maior derrota havia sido para a França, na final de 1998, por 3 a 0. Na condição de anfitriões da competição, superamos ontem o 5 a 2 imposto pela própria seleção brasileira à Suécia, sede da Copa de 1958.

A surra germânica também chama atenção para um outro recorde: a sua rapidez. Jamais um time tomou 5 gols em um intervalo de 29 minutos. Cinco gols que, desde 1939, em partida contra a Argentina, não levávamos em casa. Aliás, não perdíamos um jogo oficial em território brasileiro desde 1975 (1 a 0 para o Peru).

Seremos, nesta Copa, os primeiros anfitriões a não jogar no estádio palco da final. Em 2014, não pisaremos no Maracanã. Este, por certo, um recorde difícil de esquecer.

JÁ PERDEMOS POR MENOS

1950: Maracanazo

Perdemos a final de uma Copa em casa, para o Uruguai, de virada, por 2 a 1. A derrota assombrou por anos o futebol brasileiro.

1982: Sarriá
A equipe, que tinha craques como Zico, Sócrates e Falcão, encantava com seu futebol arte. Acabou eliminada pela Itália por 3 a 2.

1998: França

A seleção sucumbiu diante da anfitriã França, na final, por 3 a 0. A convulsão de Ronaldo antes do jogo gera, até hoje, teorias da conspiração sobre a decisão daquela Copa.