Com 398 votos a favor e 275 contrários, o PMDB decidiu nesta terça-feira (10), em convenção nacional, apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro, reeditando a chapa que tem Michel Temer como vice-presidente da República.
Em discurso antes do anúncio do resultado da apuração dos votos, Temer disse que parceria com o PT no governo federal "vai continuar a ser útil para o país". "A aliança que estamos fazendo neste momento abre portas para que um dia o PMDB ocupe todos os espaços políticos desse país para o bem dos brasileiros", afirmou.
O grupo dissidente alega que o governo Dilma não incluiu o PMDB nas decisões de governo e critica a postura do PT de priorizar candidaturas próprias nos estados, em vez de formar coligações em algumas regiões com candidatos peemedebistas.
Sobre a ala dissidente, Temer afirmou, no discurso, não acreditar que os peemedebistas iriam "trair" sua confiança na hora da votação. "Alguns me dizem, olha, esse grupo vai te trair. Isso não é verdade. O PMDB sempre foi composto de homens com H maiúsculo. Homens que são capazes de dizer, ao lado das mulheres, o que realmente pensam", disse Temer.
"Não acredito nessas intrigas que me chegaram, tenho convicção de que aqueles que me disseram que iriam me apoiar vão continuar apoiando", completou.
Antes da fala do vice-presidente da República, o presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse perceber que o partido está "mobilizado e entusiasmado para reeditar a chapa Temer-Dilma".
Raupp apresentou as propostas da sigla para um eventual segundo mandato da presidente, entre elas a reforma política, escola integral até a conclusão do ensino médio, utilização de 10% das receitas correntes brutas da união para a saúde e melhoria na infraestrutura logística para escoar mercadorias.
Dissidência nos estados
Apesar da maior parte dos discursos na convenção ser em favor da aliança com o PT, também houve críticas ao partido da presidente Dilma Rousseff, sobretudo com relação à postura da sigla nas disputas regionais.
"O PMDB mais uma vez conduz a democracia, mas infelizmente o PT no nível regional em diversos estados não tem essa compreensão. Depois de oito anos ocupando espaços no governo Sérgio Cabral, o PT não percebeu, no Rio de Janeiro, a importância da transição que estamos fazendo para a população", disse o prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
Na última quinta-feira (5), em evento promovido pelo presidente regional do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, lideranças do partido apoiaram à candidatura de Aécio Neves (PSDB). O candidato tucano, no entanto, não chegou a declarar apoio a Pezão, candidato à reeleição do PMDB para governador do estado.
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou, em discurso, acreditar os conflitos entre PT e PMDB nos estados não impedirão a parceria no plano nacional.
"A presidenta Dilma, na última ocasião em que estivemos juntos, teve oportunidade de dizer que o Rio de Janeiro é exemplo de aliança entre o PMDB e o PT. Por isso, estamos aqui para confirmar que estamos juntos e que não serão os percalços regionais que irão atrapalhar essa aliança."
Fonte: G1