No Ceará, não só de ovos de páscoa se faz a Semana Santa. Nas mesas de diversas famílias é possível encontrar uma variedade de pratos típicos do período. O pão de coco é um dos favoritos dos cearenses, fazendo com que o produto desapareça das prateleiras mais rápido do que os chocolates.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado do Ceará (Sindipan), Lauro Martins, nesta época é vendida uma quantidade muito superior de pão de coco. "São vendidos só nesse período cerca de 90% de todo o pão de coco vendido ao ano.", explica.
De acordo com o presidente, na semana anterior e na própria Semana Santa a produção aumenta significativamente. "Como é uma tradição, ele é muito mais vendido do que os outros produtos, até mesmo do que o carioquinha. Uma padaria que vende 1kg de pão de coco normalmente, vai vender 80kg na Páscoa", afirma.
Apesar da tradição de comer essa iguaria ter surgido para celebrar a data e relembrar a Santa Ceia de Cristo, o padre Rafhael Maciel, reitor do Seminário Dom Aloísio Lorscheider, explica que esse é um costume mais popular e não tem relação direta com os ensinamentos bíblicos. "Mas o bacalhau é comido por ser um peixe, já que na sexta-feira santa os católicos são convidados a não comer carne vermelha. O mesmo acontece com o camarão", conta.
O Padre Gilson também afirma que comer pão de coco foi uma criação do povo. "O povo que criou para diferenciar do pão normal, assim como diferenciamos o peixe da carne. Muitas pessoas fazem doação de pães nos seus bairros como uma ação de caridade da Semana Santa, prometendo distribuir 100 ou até 500 pães", explica.
Consumo de peixe apresenta relação com a bíblia
Ele também relata que o peixe possui outros significados além de substituir a carne vermelha. "O peixe lembra também a comida da terra santa e até mesmo a sua palavra em grego, "Ichthys", é ligada à palavra Cristo. Existe uma sintonia", afirma.
Segundo Nilton Barreto, presidente da Associação dos Pequenos e Médios Armadores de Pesca de Fortaleza, a tendência é que os pescadores aumentem a sua produção para suprir a demanda. "O interessante é que na semana que antecede a Semana Santa sempre acontece de o peixe diminuir no mar, fazendo com o que o preço aumente. Então a gente fica mais incentivado a encontrá-los", conta.
A Colônia de Pescadores de Fortaleza explica que o camarão é um produto que sempre é procurado no mercado, mas o bacalhau normalmente vem de fora. "A demanda aumenta, mas a produção do mar na época da Semana Santa diminui. É preciso trazer congelado de outros estados, mas nunca falta", explica Guilherme Sousa, diretor tesoureiro.