Uma disputa entre a Prefeitura de Salvador, do DEM, e o governo da Bahia, do PT, pela “paternidade” da participação do cantor e compositor Moraes Moreira no Carnaval de Salvador resultou no cancelamento do desfile do artista.
Um dos principais ícones do Carnaval da Bahia, Moreira desfilaria nesta quinta-feira (27) num trio elétrico independente -sem cordas nem abadás- no circuito Dodô (Barra-Ondina).
Para desfilar na avenida, o cantor havia firmado dois contratos: um com a prefeitura, que previa a cessão do trio elétrico e uma ajuda de custo de R$ 70 mil, e outro com o governo do Estado, para custear o cachê de R$ 50 mil de Moraes.
O contrato com o governo de Jaques Wagner (PT), contudo, foi cancelado após a Bahiatursa (empresa estatual de turismo) identificar que o cantor desfilaria num trio contratado pela prefeitura, que tem ACM Neto (DEM) à frente.
“O governo não pode bancar o cachê de um artista que vai desfilar num trio com a marca da prefeitura. Poderia gerar problemas com o Tribunal de Contas”, justificou o secretário estadual do Turismo, Pedro Galvão.
Segundo o secretário, caberia ao artista negociar com apenas uma das partes. Em nota, a Bahiatursa informou que não recebeu proposta de convênio da prefeitura para dividir os custos de apresentação do artista e que essa seria a “única forma legal de um serviço ter duas fontes de pagamento”.
O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura da Prefeitura de Salvador, Guilherme Bellintani, afirmou que o trio e a ajuda de custo ao artista estavam garantidas. “Infelizmente, ele nos informou que não conseguiu resolver algumas pendências e não vai desfilar.”
Empresária do cantor Moraes Moreira, Bel Kurtz, lamentou o cancelamento do patrocínio três dias antes da vinda do artista a Salvador.
Neste Carnaval, Moraes vai se apresentar em Natal, Curitiba e Recife.