segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Morte de MC Daleste faz 6 meses sem solução

Quase seis meses após a morte de Daniel Pellegrine, o MC Daleste, a polícia de Campinas ainda não tem nenhuma pista concreta sobre o crime. O funkeiro foi atingido por dois tiros — um de raspão — na noite do dia 6 de julho, enquanto fazia um show surpresa em uma quermesse do bairro San Martin.

Depois de ouvir mais de 20 depoimentos e analisar fotos e vídeos da noite do fato, o titular da Delegacia de Homicídios de Campinas, Rui Pegolo, ainda não tem pistas dos assassinos.

“Infelizmente o crime ainda é um desafio para a polícia. Ainda dependemos de um fio condutor. A única coisa que podemos afirmar é que trata-se de um mandante e um atirador. Além disso, sabemos que o atirador sabia bem o que estava fazendo e não deixou nenhum vestígio. 

Nem os laudos periciais conseguiram indicar a autoria dos disparos”, disse.

Investigação em andamento

Segundo Pegolo, mesmo com as dificuldades em arrumar provas conclusivas, as investigações não estão encerradas.

“Não desistimos de esclarecer o crime em nenhum momento. Continuamos empenhados e sempre que aparece algum fato novo, alguma denúncia nova, damos prosseguimento às diligências. Estamos contando com a ajuda da população. Quem souber de qualquer coisa que possa ajudar a elucidar o caso deve nos procurar, não precisa ter medo. A polícia tem mecanismos de proteção à testemunha”, acrescentou o delegado.

A família do funkeiro não foi encontrada para falar sobre o assunto. No dia de seu enterro, o pai de Daleste, Roland Pellegrine, disse que seu filho foi morto por “inveja”. “Foi inveja. Inveja mata.” Ainda segundo ele, a vítima não tinha inimigos. “Era um menino muito bom, um menino carismático, dócil. Ele não tinha inimigos”, afirmou.

Suspeita

Durante as investigações, a polícia chegou a apurar a denúncia de que Daleste estaria se envolvendo com a mulher de um traficante na região do San Martin, onde ele foi morto.
A advogada da família do cantor, Patrícia Vega, ressaltou a importância da ajuda da população para o esclarecimento do caso.

“A polícia está empenhada, quer esclarecer. Acontece que o crime é muito complexo. Não há nenhum indício. Só daria para esclarecer se alguém ligado diretamente ao fato falasse”, afirmou.

No dia 18 de julho, uma reprodução simulada realizada pelo Instituto de Ciminalística no local do crime mostrou que o assassino do MC disparou as duas balas que atingiram o funkeiro de um mesmo ponto, entre 30 e 40 metros de distância do palco.

Os tiros saíram de uma área ao lado de uma casa em construção, próxima de um matagal, por onde o criminoso deve ter fugido.

Laudo do IML

Na ocasião, a perita Ana Cláudia Diez descartou a possibilidade de um segundo atirador, apesar de a simulação não conseguir identificar a arma usada no crime.

O laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) constatou que o cantor morreu de anemia aguda.

O primeiro tiro atingiu o cantor de raspão, na axila, mas o segundo feriu três órgãos: estômago, fígado e pulmão.

Não é possível precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 do dia 8 de julho, no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.

Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros da corrente conhecida como “funk ostentação” ou “funk paulista”, em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres.

O cantor foi o sexto funkeiro assassinado no Estado de São Paulo em três anos.