O milho prometido pela presidente Dilma Rousseff, no início deste mês, para alimentar o gado do Ceará e de outros estados do Nordeste teve sua chegada adiada pela segunda vez. O leilão realizado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra de 103 mil toneladas do cereal - das quais 30 mil eram destinadas ao Ceará - resultou na aquisição de apenas 20 mil toneladas, que seguirão para a Bahia.
Um novo pregão para a compra das 83 mil toneladas restantes foi marcado pela Conab para o próximo dia 6 de maio. Agora, o prazo de entrega do produto, ao Ceará, está definido para o intervalo entre os dias 6 e 13 de junho. Caso o leilão de ontem tivesse sido bem sucedido, o milho deveria chegar ao Estado entre 27 de maio e 3 de junho.
Novo fracasso
Esta foi a segunda vez em que o governo federal falhou ao tentar adquirir o milho destinado a minimizar os impactos da seca ao gado dos estados afetados pela seca. No último dia 17, a Conab realizou o primeiro leilão para a aquisição das 103 mil toneladas, o qual fracassou pela ausência de interessados na venda do produto, que deve ser transportado por navios.
O motivo apontado pelos vendedores para não dar lances foi o prazo curto para a entrega do cereal, que deveria ser enviado aproximadamente 15 dias após o pregão. A Conab informou, ontem, que ainda analisa as causas do insucesso do novo leilão, que trazia um prazo mais extenso - em torno de um mês - para a entrega do milho.
O novo atraso frustra a expectativa dos produtores de que a distribuição de milho no Estado, através do Programa de Vendas em Balcão da Conab, retorne à média histórica. Atualmente, informa o superintendente da Conab no Ceará, Agenor Pereira, cada produtor tem recebido mensalmente em cerca de 1.200 quilos, enquanto a média histórica é de 1.800 quilos.
"Esse milho é a nossa esperança de zerar as necessidades dos produtores (pelo cereal)", comenta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec)Flávio Saboya. Ele destaca, todavia, que o milho é usado apenas como complemento à alimentação do rebanho, que carece também de forragem. O Estado hoje espera a finalização de "processos burocráticos", por parte do governo federal, para passar a produzir forragem em uma área de 2 mil hectares na Chapada do Apodi.
Licitação
Para Saboya, a aquisição das 30 mil toneladas de milho deveria ser feita através de dispensa de licitação, para agilizar a compra. "Por que o governo não faz isso é um mistério ainda não devidamente esclarecido", acentua, destacando que a situação de emergência em que o Estado se encontra devido à seca justificaria a ausência de licitação.
No início deste mês, Dilma Rousseff assegurou o envio de 30 mil toneladas mensais de milho ao Ceará. O plano foi frustrado pelo fracasso do leilão realizado no dia 17. Com o insucesso de ontem, a previsão inicial de chegada foi ampliada em 37 dias.
Mais 20 mil t são autorizadas ao CE Após o fracasso no leilão de ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) autorizou a compra de outras 20 mil toneladas de milho ao Estado - além das 30 mil que serão trazidas por navio -, as quais serão transportadas em rodovias.
Segundo o superintendente da Conab no Ceará, Agenor Pereira, o edital para aquisição do grão deverá ser publicado na próxima semana, contendo os detalhes sobre os prazos. A expectativa é que o produto chegue ao Estado até o fim do próximo mês. Pereira informa ainda que outras 24 mil toneladas de milho já foram contratadas pela Conab para o Estado e também devem chegar no próximo mês.
Conforme Pereira, o Ceará contará, a partir do próximo dia 13, com três equipes de fiscalização - cada uma formada por dois profissionais - que irão observar o funcionamento da operação Programa de Vendas em Balcão da Companhia. A ideia, ressalta, é fiscalizar a operação do programa para evitar problemas como "desvios de finalidade".
Frete para Jaguaribe
A Conab também realizou ontem um leilão para transportar 11.317 toneladas de milho, de armazéns doCentro-Oeste, a cidades do Nordeste. No Ceará, foi contemplado o município de Jaguaribe, que receberá
1,5 mil toneladas do cereal. (JM)