A
Polícia Federal entregou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF
(Supremo Tribunal Federal), a cópia da investigação sobre o ataque a
contas de Telegram de autoridades. O material foi enviado nesta
segunda-feira (5). A entrega foi determinada por Moraes na última quinta
(1º).
O inquérito foi aberto no início de junho, após o ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciar que havia sido vítima de uma invasão.
Menos
de dois meses depois, a PF deflagrou a Operação Spoofing, que prendeu
quatro pessoas suspeitas de terem participado do ataque.
Um
dos presos, Walter Delgatti confirmou em depoimento ter sido o autor do
hackeamento e também ter sido o responsável por repassar o conteúdo
capturado para o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept
Brasil.
Desde
9 de junho, o site vem divulgando reportagens com bastidores de
conversas entre procuradores da Operação Lava Jato e também diálogos com
Moro, que na época era juiz federal.
As mensagens mostram, por exemplo, colaboração entre o então magistrado e o Ministério Público Federal.
Os
quatro suspeitos estão presos preventivamente para não atrapalhar as
investigações, segundo decisão do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara
Federal do DF.
O
Intercept publicou as primeiras conversas no dia 9 de junho. O site
informou, na época, que obteve o material de uma fonte anônima, que
pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da
força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, no aplicativo Telegram, a
partir de 2015.
Outros veículos têm publicado reportagens baseadas nos diálogos, dentre eles a Folha de S.Paulo.
As
conversas revelam que Moro chegou a sugerir ao MPF (Ministério Público
Federal) trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou a realização de
novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão
judicial.
Segundo
o Código de Processo Penal, "o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o
fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes" se "tiver
aconselhado qualquer das partes". Afirma ainda que sentenças proferidas
por juízes suspeitos podem ser anuladas.
Já
o Código de Ética da Magistratura diz que "o magistrado imparcial" é
aquele que mantém "ao longo de todo o processo uma distância equivalente
das partes e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir
favoritismo, predisposição ou preconceito".
Moro tem repetido que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas que, se verdadeiras, não contém ilegalidades.
No dia 23 de julho, quatro pessoas foram presas sob suspeita de hackear as contas do Telegram de autoridades.
Walter
Delgatti Neto, um dos suspeitos, disse em depoimento à Polícia Federal
que as mensagens que obteve foram encaminhadas de forma anônima,
voluntária e sem cobrança ao jornalista Glenn Greenwald, do site The
Intercept Brasil.