A sequência de ataques em Fortaleza, no fim da noite da última
sexta-feira (9), que resultou na 'Chacina do Benfica', foi ordenada por
um preso membro de uma facção. A informação foi concedida por um
policial que atua em uma célula de Inteligência da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que não será identificado.
Conforme o servidor da Pasta, os ataques não foram motivados por
rivalidade entre torcidas organizadas, mas pela apreensão de quatro
armas, que pertenciam a um traficante. A perda das armas teria
desagradado ao criminoso, que decretou a morte dos que, na opinião dele,
teriam facilitado a retenção.
No dia seguinte à chacina, o Comando Vermelho divulgou um vídeo
reivindicando a autoria do atentado. Questionado sobre a matança ter
sido ordenada pelo CV, o secretário da Segurança Pública, André Costa,
afirmou acreditar que a divulgação foi uma tentativa de desviar a
atenção da investigação dos verdadeiros suspeitos.
Identificação
O primeiro suspeito de envolvimento na matança foi preso na madrugada
de ontem. Douglas Matias da Silva foi capturado em um prédio de luxo, no
Meireles. Ele já responde por homicídio, roubo e receptação. Em agosto
de 2017, teria matado um desafeto na Praça da Gentilândia. Devido ao
crime, havia um mandado de prisão em aberto contra ele, desde setembro
de 2017.
Outros dois homens que teriam participado diretamente da chacina foram
identificados. São eles: Francisco Elisson e Stefferson Mateus Rodrigues
Fernandes, o 'Véi'.
De acordo com a investigação, a informação preliminar é que o trio seja
membro da facção Guardiões do Estado (GDE). Segundo a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), as investigações levaram
equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Divisão de
Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e da Delegacia de Repressão às Ações
Criminosas Organizadas (Draco) à localização de um veículo Fiat Punto,
que havia sido captado em imagens de câmeras, localizadas próxima à sede
da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), local de um dos ataques. O
carro estava na garagem do prédio, situado na Rua Professor Dias da
Rocha, onde morava a namorada de Douglas Silva.
Os policiais realizaram uma busca no apartamento, ao qual a garagem é
vinculada, e encontraram dois revólveres calibre 38, uma pistola Ponto
40, munições e carregadores. A reportagem apurou que o suspeito chegou a
tentar fugir, mas foi alcançado pelos policiais civis. Sua namorada,
uma fisioterapeuta, prestou depoimento e, em seguida, foi liberada. Ela
disse que estava com Douglas há oito meses.
Douglas Silva foi autuado pelos crimes de homicídio, posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito, resistência, receptação e nas
Lei das Organizações Criminosas. Em depoimento, Douglas teria dito que
estavam sendo ameaçado por membros da facção Comando Vermelho (CV), do
bairro de Fátima. Ele negou ter participado do crime.
A Secretaria da Segurança informou que o material apreendido foi
encaminhado para a Perícia Forense do Ceará (Pefoce), onde será
comparado com o que já havia sido coletado nos locais dos crimes. A
Polícia afirmou seguir na busca pelos outros envolvidos na matança.