Pouco importaram os desfalques e o curioso apagão que
interrompeu parte do primeiro tempo no Mané Garrincha. Neste domingo, em
jogo realizado em Brasília, pela Taça Rio, o segundo turno do
Campeonato Carioca, Flamengo e Vasco fizeram um grande clássico, com
boas jogadas ofensivas, muitas chances criadas, gol anulado e erros de
arbitragem. O fator determinante, contudo foi Luis Fabiano: expulso
quando sua equipe vencia por 1 a 0, ele facilitou a virada flamenguista.
Ainda assim, aos 49, após pênalti inexistente marcado pela arbitragem,
Nenê garantiu o empate por 2 a 2.
O resultado no grande jogo deste domingo manteve o Flamengo
na liderança do Grupo B, com 10 pontos. Já o Vasco, mesmo com o heroico
resultado, se complicou no Estadual: está apenas em quarto no Grupo C,
com seis pontos, e corre sérios riscos de não se classificar à semifinal
da Taça Rio.
Pela quinta rodada do segundo turno do Carioca, as
duas equipes voltam a jogar no meio de semana: o Flamengo encara o Volta
Redonda na quarta-feira, fora de casa, enquanto o Vasco faz duelo
decisivo com o Boavista na quinta, em São Januário.
Em sua
segunda partida no comando do Vasco, após vencer o Madureira na estreia,
Milton Mendes não pôde contar com Luan, Rodrigo, Kelvin e Guilherme,
contundidos, Wagner, ainda sem ritmo de jogo, e Martín Silva, convocado
pela seleção uruguaia. Assim, Yago Pikachu atuou no meio-campo, ao lado
de Nenê e Andrezinho, e Luis Fabiano jogou centralizado no ataque.
Já
o Flamengo, já garantido na semifinal do Campeonato Carioca, devido ao
seu desempenho na classificação geral, entrou em campo neste domingo sem
poder contar com Rômulo e Gabriel, lesionados, e Trauco, Diego e
Guerrero, convocados para suas respectivas seleções.
Zé Ricardo,
assim, fez algumas mudanças. Deslocou Mancuello para a armação e escalou
Berrío e Leandro Damião no ataque, ao lado de Everton. Já Márcio Araújo
seguiu no meio-campo e Renê na lateral. Felipe Vizeu, por sua vez, foi
para o banco.
E, embora Leandro Damião tenha aproveitado bem a
oportunidade, servindo como importante referência no ataque, a equipe
claramente sentiu a falta de Diego. Pouco inspirado, Mancuello não
conseguia dar ritmo ao meio-campo. O que levou o Vasco a crescer no
duelo.
Andrezinho e Yago Pikachu, ainda no início do jogo,
assustaram Muralha com boas finalizações. E, aos 15, brilhou a estrela
de Milton Mendes: isolado no ataque, Luis Fabiano desarmou Réver, Nenê
correu até a lateral, evitou que a bola saísse, carregou e cruzou na
medida para que o improvisado Pikachu abrisse o placar.
O
Flamengo seguia desencontrado após o gol até que, aos 27, as luzes do
Mané Garrincha - um dos mais caros estádios construídos para a Copa de
2014 - apagaram-se. Sem luz, o jogo precisou ser interrompido por alguns
minutos. E, quando retornou, o time de Zé Ricardo já tinha outra
postura.
Mesmo sem grande organização, apostando mais em bolas
levantadas para Damião, o Flamengo começou a pressionar. Criou algumas
boas chances no primeiro tempo, a principal delas com o próprio
atacante, que por pouco não completou cruzamento de Pará, mas não
conseguiu empatar.
O Vasco até suportava bem a pressão no início
do segundo tempo. Mas o jogo mudou drasticamente aos oito: Luis Fabiano
fez falta por trás em Márcio Araújo, recebeu o amarelo, peitou o juiz e
foi expulso, mantendo, assim, seu jejum de gols desde que estreou. A
organização desenhada por Milton Mendes, então, ruiu. E o Flamengo não
demorou para virar.
Primeiro, na própria cobrança da falta
cometida por Luis Fabiano Mancuello cruzou e Réver marcou de cabeça, mas
o bandeira marcou impedimento de Damião, que participou da jogada. O
lance, contudo, serviu como bom ensaio. E, apenas cinco minutos depois, o
argentino cobrou escanteio e Willian Arão desviou para as redes.
Estava
fácil. Desorientado após a expulsão e assustado com o gol o Vasco não
teve tempo para se reorganizar. Aos 19, assim, Berrío recebeu com
espaço, deu um leve corte no marcador e acertou o ângulo. Um belo gol
para coroar a virada.
Milton Mendes ainda mexeu e colocou o Vasco
no ataque. Mesmo com um a menos, o time até acertou o travessão nos
minutos finais. E já nos acréscimos, após a arbitragem assinalar um
pênalti inexistente, em uma bola que bateu no peito de Renê, Nenê cobrou
com tranquilidade e sacramentou o empate após um clássico histórico.