quinta-feira, 31 de julho de 2025

Maior exportadora de coco do Ceará prevê perda de R$ 100 milhões e pode adotar férias coletivas após tarifaço

Foto Davi Rocha
Em uma região que compreende aproximadamente de Paraipaba a Acaraú, forte na produção e beneficiamento de coco, os efeitos do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos “devem ser devastadores”. Na tarde dessa quarta-feira (30), o presidente Donald Trump oficializou a medida, mantendo a sobretaxa para o agronegócio e outros setores econômicos do Brasil.

Diante disso, a Paraipaba Agroindustrial, maior empresa exportadora de coco e derivados do Ceará, estima perda anual de R$ 100 milhões no faturamento e cogita férias coletivas e/ou desligamento de 40% do quadro de trabalhadores.

A empresa, que gera 570 empregos diretos e 5,5 mil indiretos, produz aproximadamente 4 milhões de litros de água de coco por mês.

Fábio Macedo, diretor-executivo da empresa, relata que os últimos dias foram de “correria para envio dos últimos contêineres” antes da medida começar a valer. De acordo com ele, o último navio com a mercadoria saiu do Pecém no dia 27 de julho rumo aos Estados Unidos, no que foi o selamento de uma força-tarefa pré-tarifas.

“O que estava ao nosso alcance foi feito. Graças a Deus, conseguimos bater as metas com os clientes, foram três domingos de uma operação de guerra”, relatou.

A Paraipaba Agroindustrial exportou, em 2025, 53% da sua produção para os Estados Unidos. Só em julho, 85% foram destinados ao país norte-americano.

“Sem um desfecho positivo, vamos partir para férias coletivas ou demissões, ou ambas. A perda deve ser de mais de R$ 100 milhões de faturamento ao ano. É um impacto violento”, lamentou

Rita Granjeiro, empresária do setor que esteve na reunião entre empresários cearenses e governo estadual com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, corrobora o cenário ameaçador. “Vai ser devastador para a cadeia do coco. Será um desastre para a nossa região”.

Corrida contra o relógio

A situação tem provocado uma corrida não só no segmento do coco, mas entre os empresários de variados setores no Ceará, que buscaram garantir o envio dos produtos antes do tarifaço.

Rita exemplifica que, em alguns produtos, como o pescado, exportadores estão optando pelas exportações por avião, para que o item chegue a tempo, mesmo com esse transporte saindo mais caro que a via marítima. No caso do coco, essa alternativa é inviável. “Não se faz porque não compensa”, enfatiza.

Com informações do Diário do Nordeste.