
O
Açude Orós, localizado na cidade cearense de mesmo nome, está sangrando
desde 26 de abril de 2025, e a partir do dia 26 de maio, terá a válvula
dispersora, responsável por formar o chamado "véu de noiva", e a
turbina fechadas temporariamente. Isso irá suspender a liberação de
água, por 15 dias, tanto para o abastecimento humano em cidades e
distritos vizinhos quanto para a perenização do Rio Jaguaribe. O Orós é o
segundo maior açude do Ceará e atingiu a capacidade máxima em 2025,
após 14 anos. Mas por que isso irá acontecer e como ficará esse
fornecimento?Foto: Ismael Soares
A
interrupção temporária do fornecimento de água ocorrerá devido a uma
ação de reforma e modernização nas instalações do reservatório. Segundo o
representante da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), o
gerente regional da Bacia do Alto Jaguaribe, Welliton de Souza Ferreira,
a ação será realizada pelo Governo Federal - responsável pelo Orós -
através do Consórcio TSC Britânia.
A
execução dos serviços, conforme Welliton, demanda mergulho na comporta e
com essa estrutura aberta há risco “da pessoa ser sugada”. Esse é um
dos fatores que demanda a interrupção da liberação de água. Além disso,
explica, está sendo avaliada a possibilidade de troca de válvulas por
equipamentos mais novos.
Quando
o serviço de modernização for executado, aponta, a barragem terá um
certo grau de automação “com a possibilidade de ser acionada
remotamente”, indica ele. O gerente também informa que em 2025, o Orós
já passou por recuperação das paredes, limpeza e pintura do sangradouro.
O
reservatório do Orós tem quatro "portas de saída" de água. E destas,
duas serão afetadas com a interrupção desse fornecimento, segundo
Welliton:
Serão
afetadosTurbina - mecanismo acionado pela casa de máquinas que gera
liberação de água em um canal para o Açude Feiticeiro no distrito de
mesmo nome (em Icó);
Válvula
- conhecida por formar o chamado "véu de noiva", a válvula dispersora é
operada para liberar água do reservatório para o Rio Jaguaribe e essa
água é levada a outras cidades para abastecimento, como a sede do
município de Jaguaribe.
Não
serão afetadosSangradouro - área por onde a água passa quando o açude
atinge a capacidade máxima de armazenamento e deságua no Rio Jaguaribe,
assim como a água da válvula;
Sistema
alternativo - liberação de água na área lateral do reservatório por
meio de um túnel com envio de água para o açude Lima Campos (distrito de
Icó) via gravidade.
População não será afetada, segundo Cogerh
Welliton
detalha que no caso do distrito de Feiticeiro, o reservatório está com
água acima de 30% e isso garante que a área não ficará desabastecida.
Além disso, ele explica que no trajeto ainda há outras duas barragens
(no caso, particulares) que ajudam as águas a chegar no distrito.
No
caso da cidade de Jaguaribe, que recebe a água dispersa pela válvula do
Orós, ele aponta que a barragem de Santana não tem grande suporte de
armazenamento e por isso é necessário que o fluxo constante chegue pelo
Rio Jaguaribe. Logo, foi preciso calcular bem o momento dessa
interrupção de fluxo para que a população não seja afetada.
Nesse
caso, a sangria do Orós, que seguirá jorrando água por outra saída,
ajuda. "Como o açude está sangrando isso se complementa com a água que
vem do Rio Salgado e se encontra no Icó, até a cidade de Jaguaribe. A
ideia de ser agora é porque a gente aproveita a água do Rio Salgado com a
que está sangrando. A sangria favorece a paralisação agora", aponta.