quarta-feira, 9 de abril de 2025

Ex-companheira de Maradona diz que ele foi ‘sequestrado’ antes da morte; julgamento segue até julho

Declaração foi dada em julgamento. Réus pela morte do argentino podem receber penas de 8 a 25 anos de prisão

Durante o julgamento dos profissionais de saúde acusados pela morte de Diego Maradona, a ex-companheira do ex-jogador, Verónica Ojeda, afirmou nesta terça-feira, 8, que o astro do futebol argentino foi mantido como “sequestrado” por pessoas de seu entorno nos meses que antecederam seu falecimento. A declaração foi dada em San Isidro, nos arredores de Buenos Aires, onde o processo está sendo conduzido. As informações são da agência de notícias AFP.

Maradona morreu no dia 25 de novembro de 2020, vítima de um edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca. Ele estava em casa, em regime de internação domiciliar, após ter sido submetido a uma neurocirurgia.

Sete profissionais de saúde — entre médicos, enfermeiros, um psicólogo e uma psiquiatra — são réus no processo e respondem por homicídio doloso, acusação que implica consciência de risco de morte. Uma oitava acusada, uma enfermeira, será julgada separadamente.

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'Uma pocilga, imundície raramente vista', diz advogado sobre casa em que Maradona morreu; veja fotos Foto: Getty Images

Ojeda, que é mãe de Diego Fernando, filho mais novo do ex-jogador, relatou que nas visitas feitas em 2020 percebeu que Maradona pedia para ir embora com ela. "Eu sabia que estavam sequestrando ele, tinha medo de tudo. Aliás, toda vez que eu saía, ele me pedia para que eu o levasse", afirmou, emocionada.

Durante seu depoimento, a ex-companheira criticou pessoas próximas a Maradona, como os assistentes Maximiliano Pomargo e Vanesa Morla, e o segurança Julio Coria, que é investigado por falso testemunho. Nenhum deles, porém, é réu neste processo. Ojeda também apontou falhas no atendimento prestado pela psiquiatra Agustina Cosachov e pelo médico pessoal de Maradona, Luciano Luque, ambos acusados.

Ela afirmou que foi convencida de que a internação domiciliar ofereceria estrutura semelhante à de um hospital, o que não se confirmou. Segundo testemunhas ouvidas desde o início do julgamento, em 11 de março, o imóvel carecia de equipamentos médicos básicos.

Ojeda disse ainda que viu Maradona pela última vez dois dias antes da morte e que o encontrou em condições precárias de higiene. "O lugar cheirava a urina e fezes", declarou.

Durante o interrogatório, foi reproduzida uma troca de mensagens entre Cosachov e o psicólogo Carlos Díaz, também réu, na qual ele minimiza as queixas da família sobre o tratamento e se refere a Ojeda com termos depreciativos. Em resposta, a ex-companheira reagiu emocionada: “Sou a mãe do filho de Diego Maradona. Essa sou eu”.

Na mesma sessão, o médico Mario Schiter, especialista em terapia intensiva que tratou Maradona em Cuba e participou da autópsia a pedido da família, afirmou que o ex-jogador era um paciente com insuficiência cardíaca latente. Para ele, a morte poderia ter sido evitada com o cumprimento adequado dos cuidados médicos recomendados.

Segundo Schiter, a escolha por uma internação domiciliar em vez de um centro de reabilitação foi arriscada. Ele defendeu que, em casos assim, o local deveria contar com equipamentos como desfibrilador, eletrocardiógrafo, oxigênio e monitoramento cardíaco.

O julgamento deve se estender até julho. A próxima audiência está marcada para quinta-feira, 10, com depoimentos dos médicos que atenderam Maradona antes da neurocirurgia.

Os réus podem ser condenados a penas que variam entre 8 e 25 anos de prisão.

Fonte: Redação Terra