Foto José Cruz/Agência Brasil |
A
vacina oral poliomielite (VOP, na sigla em inglês), será oficialmente
aposentada no Brasil em menos de dois meses. Popularmente conhecida como
"gotinha", a dose será substituída pela vacina inativada poliomielite
(VIP, na sigla em inglês), aplicada no formato injetável. De acordo com
Ana Frota, do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de
Infectologia, em entrevista à Agência Brasil, a previsão é que a
retirada da VOP em todo o País ocorra até o dia 4 de novembro.
A
substituição foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de
Assessoramento em Imunização (CTAI) e anunciada pelo Ministério da Saúde
em 2023. Para a mudança, foram consideradas novas evidências
científicas para proteção contra a doença.
Ao
participar da 26ª Jornada Nacional de Imunizações, no Recife, Ana Frota
lembrou que a VOP contém o vírus enfraquecido e, quando utilizada em
meio a condições sanitárias ruins, pode levar a casos de pólio derivados
da vacina, considerados menos comuns que as infecções por poliovírus
selvagem. “Mas, quando se vacina o mundo inteiro [com a VOP], você tem
muitos de casos. E quando eles começam a ser mais frequentes que a
doença em si, é a hora em que as autoridades públicas precisam agir”.
A
substituição da dose oral pela injetável no Brasil é recomendada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nos parece bem lógica a troca das
vacinas”, avalia Ana.
A
partir de agora, a orientação é que a VOP seja utilizada apenas para
controle de surtos, conforme ocorre na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. A
região notificou quatro casos de paralisia flácida - dois descartados
para pólio, um confirmado e um que segue em investigação.
Ana
lembrou que, entre 2019 e 2021, cerca de 67 milhões de crianças
perderam parcial ou totalmente doses da vacinação de rotina. “A própria
iniciativa global [Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, parceria
da OMS] teve que parar a vacinação contra a pólio por quatro meses
durante a pandemia”, destacou. Outras situações que, segundo ela,
comprometem e deixam lacunas na imitação incluem emergências
humanitárias, conflitos, falta de acesso.