Foto: Rede Omnia
Pela primeira vez em seus 25 anos de história, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá provas coloridas. A iniciativa busca aumentar o nível de inclusão e acessibilidade, além de trazer uma inovação no aspecto pedagógico. Dessa forma, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aprimora o formato do exame, atendendo a uma demanda que surgiu entre os próprios participantes.
Durante eventos e reuniões técnicas promovidos pelo Inep para discutir acessibilidade, pessoas com baixa visão destacaram a importância de ter itens coloridos. “A prova colorida pode aprimorar a compreensão e leitura para pessoas com deficiência visual ou baixa visão de diversas maneiras. Em primeiro lugar, o uso de cores diferentes pode tornar informações importantes mais distinguíveis”, explicou a coordenadora-geral de Exames e Instrumentos do Instituto, Fernanda Cristina dos Santos Campos.
Fernanda disse ainda que, além disso, o contraste entre as cores pode facilitar a identificação do texto em relação ao fundo, melhorando a legibilidade. Somadas ao tamanho da fonte, as cores, como recurso de acessibilidade, garantem que a informação seja verdadeiramente acessível a todos.
Em relação aos indivíduos com daltonismo (distúrbio da visão que interfere na percepção das cores), as provas terão adaptações específicas. Pedagogicamente, os itens não exigirão que os daltônicos reconheçam cores específicas, ou seja, a probabilidade de acertar ou errar não estará relacionada ao fato de as provas serem coloridas.
Fernanda Campos destacou que a prova pode ser extremamente útil por oferecer uma maneira alternativa de distinguir informações por meio de tons e contrastes. Para os daltônicos, certas cores podem ser difíceis de diferenciar, mas ao usar uma variedade de cores e tons, torna-se mais fácil para eles identificar elementos visuais com base na diferença de luminosidade e saturação, analisou.
O Inep estima que o ganho pedagógico atingirá diversos públicos, beneficiando tanto pessoas com deficiência quanto outros perfis de participantes. Kaíque Moraes Lopes, de 18 anos, acredita que essa mudança auxiliará na compreensão e resposta aos itens. “Se for, por exemplo, uma questão que envolva artes, vai ajudar porque, às vezes, temos a memória da obra, da textura, da técnica, e a cor é um elemento a mais”, disse o estudante, que realizará o exame este ano.