Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante live com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), nesta sexta-feira (7), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que a vacina oral contra a poliomielite será gradualmente substituída pela versão injetável do imunizante, a partir de 2024. Essa atualização representa um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal a ser feito, e não determina o fim imediato do imunizante na versão conhecida como ‘gotinha’. A recomendação foi aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença.
A indicação da Câmara Técnica foi para que o Brasil adote exclusivamente a vacina inativada da poliomielite no reforço aos 15 meses de idade. A forma injetável é aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação. Assim, após o primeiro semestre de 2024, as crianças que completarem as três primeiras doses da vacina, irão tomar apenas um reforço com a injetável aos 15 meses.
Não será mais necessário a aplicação da dose que atualmente ocorre aos quatro anos de idade, visto que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização é baseada nos critérios epidemiológicos, bem como nas evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema.
Na ocasião, também foi debatida a ação de multivacinação voltada para menores de 15 anos com todas as vacinas do calendário nacional, a fim de checar as cadernetas de vacinação e atualizá-las com as doses faltantes.
“A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do governo federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, explicou a ministra.
É importante ressaltar que desde 1989 não há notificação de caso de poliomielite no Brasil, porém, as campanhas de vacinação contra a doença sofreram quedas consideráveis nos últimos anos. Em todo o país, a cobertura ficou em 77,19% em 2022, longe da meta de 95% para essa vacina.
Estratégia
Na busca de combater a reintrodução de doenças que já foram eliminadas pela vacinação – como a poliomielite – o Ministério da Saúde deve trabalhar estrategicamente com estados e municípios para melhorar o planejamento das ações de vacinação.
Os municípios devem se organizar e se planejar de acordo com a realidade local, ou seja, conforme a população, a estrutura de saúde e a realidade socioeconômica e geográfica. Entre as estratégias que podem ser adotadas através do microplanejamento pelos municípios estão a vacinação nas escolas, a busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação extramuros, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.
O Ministério vai repassar mais de 151 milhões de reais para estados e municípios investirem nas campanhas de vacinação. A portaria com a destinação da verba deve ser publicada nas próximas semanas.