A
terceira onda da Covid-19 no Ceará tem impactado no aumento de casos e
mortes pela doença. Em janeiro de 2022, o estado registrou 240 mortes
por Covid-19 até esta quinta-feira (26), enquanto o acumulado do último
trimestre de 2021 fechou em 197 óbitos. Sozinho, janeiro deste ano
supera outubro, novembro e dezembro de 2021 juntos.
Em
Fortaleza, o cenário se expande, com o número de mortes em janeiro de
2022 na capital superando o acumulado de setembro, outubro, novembro e
dezembro do ano passado. Conforme o Integrasus, este mês tem 109 óbitos,
enquanto os quatro últimos meses do ano passado tiveram um total de 102
mortes.
A
epidemiologista Caroline Florêncio explica que a circulação das
síndromes virais possui o comportamento de aumentar durante o primeiro
semestre dos anos. “A gente tem o período sazonal dos vírus
respiratórios. Já é um estudo bem escrito, há muitos anos. No
laboratório de biologia, foi feita uma análise do comportamento desses
vírus ao longo de, pelo menos, 12 anos de acompanhamento”, informa a
especialista.
“No
primeiro semestre de todos os anos avaliados, há um aumento da
atividade desses vírus, eles passam a circular de uma forma mais
impactante. Algumas pessoas não sentem nada, em outras a doença é
autolimitada (dura dois, três dias e fica boa), mas já tem aquelas
pessoas que têm uma resposta exacerbada, inflamatória à presença do
vírus no organismo e, infelizmente, vão a óbito”, explica a doutora em
Saúde Coletiva, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
“A
circulação é baixíssima no segundo semestre, quando está seco. Eles não
gostam do clima quente, gostam do frio, quando está chovendo é que eles
aparecem. A gente ainda não descobriu porque, ainda é uma interrogação.
No mundo inteiro, ninguém sabe o porque acontecem os drifts
(modificações) que causam as epidemias, porque gostam de circular no
inverno, na chuva. É uma característica da natureza”, complementa
Caroline.
Aumento de casos
No
último trimestre de 2021, o Ceará registrou 17.623 confirmações de
coronavírus. O número cresceu 274% em janeiro mesmo antes do mês acabar.
Em menos de um mês, o estado contabilizou 66.050 casos de Covid-19,
conforme o IntegraSUS.
Para
a epidemiologista, esse crescimento também é fundamental quando se
analisa os óbitos, pois ela informa que a quantidade de novos casos
positivos também impacta de maneira significativa no número de mortes.
Ela
informa ainda que outros vírus, além do Sars-Cov-2, começam a circular
de maneira mais intensa durante o primeiro semestre, como influenza,
adenovírus parainfluenza, o rinovírus e outros coronavírus que circulam
no nosso meio. “A gente percebe uma predominância maior do Sars-Cov-2
porque é o vírus que mais se testa”, complementa a epidemiologista.
“A
gente tem observado algumas pessoas com infecção dupla, de influenza e
corona, mas a gente ainda não sabe o impacto desses dois ao mesmo tempo,
porque eles utilizam rotas diferentes para entrar na célula, promover o
quadro inflamatório na pessoa, etc”, destaca a doutora.