Os impactos da vacina da Pfizer para crianças a partir de 5 anos; o que dizem pais e especialistas
É fato que, mesmo não estando vacinadas, as crianças já
foram expostas a uma rotina quase normal: aulas presenciais em
crescimento considerável, praças e outros equipamentos de lazer. Com a
notícia da Pfizer de que irá pedir à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) a liberação de vacina contra a Covid para crianças, há uma expectativa de pais entrevistados que o “bicho-coronavírus” perca ainda mais força.
Mesmo assim, as aulas voltaram e os ambientes de lazer apresentam
aglomeração - a menor rigidez no isolamento estaria explicada por um
quadro majoritariamente menos evolutivo do coronavírus nessa faixa da
população, embora possam ser transmissores para adultos e idosos, mais
vulneráveis.
Combate às variantes
O biomédico e virologista Mário Oliveira vê a possibilidade breve de
imunização de crianças como uma importante estratégia no combate a novas
variantes.
“A gente precisa diminuir a replicação viral. Diminuindo a
replicação, o vírus não terá essa porta para ficar sofrendo
modificações. Sabemos que a maior parte das crianças, comparadas a
outras faixas etárias, não produz a doença, passam assintomáticas, mas
ainda assim podem transmitir para adultos e idosos, que não terão a
mesma proteção. Quanto mais gente vacinada, menores as chances das
variantes”.
Na última terça-feira, um comitê externo de aconselhamento da FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, recomendou a aplicação da vacina para a faixa etária de 5 a 11 anos. Embora a decisão não seja final, é importante sinalização para o órgão americano.
Ao fazer uma requisição formal ao órgão, a farmacêutica afirmou que o
imunizante tem uma eficácia de 90,7% no público de 5 a 11 anos. No
Brasil, a Pfizer ainda não confirmou o dia em que pedirá a nova
autorização à Anvisa.
Crianças resistem menos que os adultos
A pediatra Maurineide Gurgel espera que o imunizante contra a Covid
possa ser incluído no plano vacinal a que as crianças já são tão
acostumadas.
“O calendário vacinal é uma realidade para as crianças. Elas podem
até chorar, mas se vacinam, já existe algo consolidado que é esse
movimento de imunização conforme o calendário. Resistem menos que os
adultos”, provoca a médica, defendendo que toda vacina aprovada pela
Anvisa deve ser aceita pela população.
“Se depender de mim, quando puder vacinar, já estaremos na fila logo
que o Posto de Saúde abrir”, afirma Laís Araújo, 29, mãe da Brenda, 6
anos. A menina já voltou para a escola. De máscaras e com “isolamento”,
mas a mãe acredita ser impossível que haja aglomeração a partir do
momento em que retornaram as aulas presenciais.
“A gente manda, tem o cuidado antes e depois, mas sabe que existe o
risco de transmitir, ainda que menor. E felizmente todos em casa estamos
vacinados. Mas pode ter certeza de que quando minha filha estiver
imunizada, até o nosso medo diminui”.
“O medo nosso é que, com as replicações virais, surjam variantes para
as quais as vacinas não sejam eficazes. Então quando se aumenta a
cobertura vacinal, agora chegando aos principais assintomáticos, que são
as crianças, estaremos diminuindo a infecção de pessoas e, portanto,
barrando as mutações”, reforça o virologista Mário Oliveira.
São várias as implicações na imunização das crianças na faixa entre 5
e 11 anos. Para Júlia Maria, 6, será poder dar muitos abraços na avó,
Lucinda Correia. Os pais, Cláudio e Adriana Oliveira, já estão
convencendo a filha a se vacinar, tão logo seja possível. “Chegar o
Natal todo mundo imunizado será um alívio grande”, define Adriana.