Para
muitos, 16 anos é uma vida. No caso de Cícero José de Melo, esse foi o
tempo em liberdade, direito constitucional, que tiraram dele. Quase
5.500 dias preso por um crime que, agora, o Tribunal de Justiça do Ceará
(TJCE) admite não haver registros processuais em aberto. Dos 32 aos 47
anos de idade Cícero buscou que alguém acreditasse na sua inocência.
Dizendo, de dentro da prisão, que ele não tentou matar ninguém.
Na
quinta-feira (8), Cícero foi solto. Ao por os pés fora da Penitenciária
Industrial e Regional do Cariri (Pirc), em Juazeiro do Norte, Interior
do Ceará, deu os passos para se refazer depois de tantos anos sendo
apontado como criminoso.
A
primeira reviravolta na vida do pedreiro foi no dia 18 de novembro de
2005. Cícero estava na cidade do Crato, também na região do Cariri,
quando foi surpreendido por policiais.
"Eu
estava conversando com um cidadão quando uma viatura me abordou e falou
que eu tinha cometido um crime. Nesse momento fiquei sem saber o que
fazer.
Não
pediram nem identificação. Me colocaram dentro da viatura, me fizeram
passar vergonha. As pessoas olhando para mim como se eu tivesse cometido
crime mesmo. Eu falando que era inocente e eles rindo de mim, rindo da
minha cara", contou.