A
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), não recomenda
que prefeitos articulem a compra de vacina contra a Covid-19 de forma
isolada ou conjunta. Empossados no último dia 1º, alguns gestores
apresentaram a ideia de adquirir doses do imunizante em São Paulo, no
Instituto Butantan.
O
prefeito de Iguatu, Ednaldo Lavor, anunciou o propósito de, na próxima
semana, ir a São Paulo em busca da vacina Coronavac. “Estou entrando em
contato com prefeitos da região com o objetivo de formar um grupo de
gestores para tentarmos negociar uma compra maior, em conjunto”, disse.
“O recurso financeiro nós temos”.
O
presidente da Aprece, Nilson Diniz, reconhece que desde o início desta
semana há movimentação nesse sentido e que já foi consultado por alguns
prefeitos. “Quem tem de conduzir o processo de compra da vacina é o
governo federal articulado com os governos estaduais”, frisou. Ele
argumentou que não dá certo “cada prefeito no Brasil querer comprar a
sua vacina, que terá preços diferentes, e isso pode gerar um problema
sério”.
Nilson
Diniz foi incisivo ao afirmar que “os governos municipais não estão
capacitados para fazer esse tipo de compra, mas podem ajudar
estruturando as unidades básicas de saúde”. O presidente da Aprece ainda
frisou que “se o governo federal não fizer uma articulação e um plano
único de imunização nacional quem deve fazer “são os governos
estaduais”.
O
anúncio feito nesta quinta-feira (7), de que o governo de São Paulo, em
conjunto com o Instituto Butantan, vai solicitar nesta sexta-feira (8),
à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso emergencial da vacina
Coronavac, criou expectativas na população e entre os gestores
municipais.
O
governador Camilo Santana reafirmou que “tenta trazer para o Ceará a
vacina o mais rápido possível”. O secretário de Saúde do Estado, Dr.
Cabeto, ressaltou que o Ceará tem um planejamento para vacinação e que
os municípios estão sendo equipados com refrigeradores. “Quando a vacina
chegar vamos executar da forma mais adequada com segurança em todos os
municípios".
Outro
aspecto pontuado por Nilson Diniz é a questão da legalidade dos atos
administrativos de compra da vacina. “No início da pandemia, houve um
corre-corre para compra de respiradores da China e os problemas estão
aí, com várias questões no Ministério Público e na Justiça e os gestores
tendo de enfrentar questionamento sobre o preço dos produtos".
Para
o médico e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Odorico
Monteiro, “a chance de um prefeito do interior adquirir vacina e levar
para o município é zero”. Ele entende que a movimentação de prefeitos e
governadores “é fruto do negacionismo e da falta de organização do
governo federal”.
Odorico
Monteiro lembrou que é “papel do Sistema Único de Saúde (SUS) em suas
três esferas – federal, estadual e municipal - executar o Plano Nacional
de Imunização, que é referência mundial”. Por último, o pesquisador
observou que “até o momento nenhuma vacina está registrada na Anvisa”.