O
ano de 2020 foi de muitas surpresas musicais. Tarcísio do Acordeon e Os
Barões da Pisadinha apresentaram ao Brasil uma realidade presenciada em
boa parte de cidades interioranas do Nordeste. Novamente, o som da
sanfona mixado aos playbacks do teclado conquistaram o ouvido do
brasileiro para o forró. O que eles fazem não é nada novo. Foi preciso a
pandemia do coronavírus parar as pessoas em casa e mudar o modo de
consumo dos usuários de streaming para as playlists serem voltadas ao
gênero nordestino.
O
que Tarcísio do Acordeon e Barões da Pisadinha fazem sempre existiu em
bares, botecos e restaurantes. Por vezes, lembro de Amado Batista e
Sandro Lúcio com brega ao teclado em um tom mais lento. O forró
eletrônico, o piseiro e as demais variações presentes em 2020 —
infelizmente, ainda não aceitos pelos seguidores fieis de Luiz Gonzaga —
ganham novos formatos anualmente.
Para
agradar ao público ou para vender, as mudanças no gênero nordestino são
reais. O som de Tarcísio do Acordeon e Barões da Pisadinha é um olhar
para um passado não tão distante. É complexo entender as motivações da
popularidade desses cantores em um ano tão complicado. Mais difícil de
analisar quando pensamos que grandes produtores musicais gastam horas,
dias e meses para editar clipes e projetos que percorrem o país. Como em
uma praça pública, sem fórmula mágica, os novos nomes chegam
simplesmente com uma caixa de som, microfone e teclado e botam toda a
grandeza de nomes nacionais no bolso.
Vimos
Xand Avião e Wesley Safadão rendidos ao som de Tarcísio do Acordeon e
Barões da Pisadinha. Em meio a grandes produções audiovisuais, o
playback do teclado foi presente nas lives dos forrozeiros — os mesmos
que modernizaram e misturam o forró com outros gêneros. Clipes
milionários foram trocados por enquadramentos marcados pela presença do
sanfoneiro e tecladista.
Enquanto
as lives aceleraram o processo de digitalização da música, o ritmo
mergulhou no passado com o som de Tarcísio do Acordeon e Barões da
Pisadinha. O Nordeste é tão grande que não conseguimos dar conta de
cobrir tantos nomes em ascensão. Desde 2015, o sanfoneiro cearense e o
grupo baiano disputavam espaço no mercado musical. Claro, uma luta que
começou na infância como toda boa história.
Vamos
aguardar que tudo aquilo conquistado musicalmente em 2020 seja
perpetuado em 2021. Quem sabe não surge mais um derivado no forró? O
público é volátil. Em um piscar de olhos, vem a mudança.