Cientistas de Hong Kong anunciaram, nesta segunda-feira (24), que
descobriram o primeiro caso comprovado no mundo de reinfecção da
Covid-19.
"Este caso mostra que uma reinfecção pode ocorrer apenas alguns meses
após a cura de uma primeira infecção", disse o Departamento de
Microbiologia da Universidade de Hong Kong (HKU) em comunicado. Segundo o
HKU, houve um período de quatro meses e meio entre as duas infecções.
De acordo com os pesquisadores, uma análise genética mostrou que as
infecções sucessivas no mesmo paciente foram causadas por duas cepas
diferentes do vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19.
"Nossos resultados sugerem que o SARS-CoV-2 pode persistir na população,
como é o caso de outros coronavírus responsáveis por resfriados comuns,
mesmo que os pacientes tenham adquirido imunidade", continuam os
pesquisadores do HKU.
"Como a imunidade pode não durar muito após uma infecção, a vacinação
deve ser considerada até mesmo para pessoas que já foram infectadas",
consideram.
O paciente, um homem de 33 anos que mora em Hong Kong, apresentou teste
positivo pela primeira vez em 26 de março após apresentar sintomas
(tosse, dor de cabeça e de garganta, febre). Uma vez curado, ele deu
negativo duas vezes.
Mas em 15 de agosto, ele testou positivo novamente. É importante
ressaltar que desta vez ele não apresentou sintomas: sua doença só foi
descoberta por meio de um teste de rastreamento no aeroporto de Hong
Kong, quando voltava da Espanha pelo Reino Unido.
"É improvável que a imunidade coletiva consiga eliminar o SARS-CoV-2,
embora as seguintes infecções possam ser menos graves que a primeira,
como foi o caso deste paciente", escreveram os pesquisadores em seu
estudo.
A pesquisa foi aceita nesta segunda-feira pela revista médica estadunidense Clinical Infectious Diseases e aguarda publicação.
Outros casos
Nos últimos meses, diversos casos de possível reinfecção foram
mencionados em todo o mundo, sem certeza absoluta. A questão da
imunidade para a Covid-19 é cercada por muitas incógnitas.
A descoberta precisa ser tratada com cautela, segundo o Dr. Jeffrey
Barrett, do Instituto Wellcome Sanger, especializado em pesquisa
genética.