O Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas
e Comportamentais deu mais um passo em direção à totalidade da
reabertura. Com avanço de fase por 143 municípios, 77% do Estado, mais
de 95% dos empregos e das atividades econômicas que compõem o Produto
Interno Bruto (PIB) cearense estão autorizados ao funcionamento
presencial.
A estimativa é revelada pelo secretário executivo de Planejamento e
Orçamento do Ceará, Flávio Ataliba. Ainda assim, ele reforça não ser
possível saber quanto do efetivo cada empresa já chamou de volta. "O
decreto autorizou mais de 95%, mas é difícil saber quanto efetivamente
dos trabalhadores já retornaram ao serviço presencial".
Ele comemora que, completados dois meses de execução do plano, não
tenha havido retrocesso no Estado. "A cada semana estamos avançando ou
estabilizando. O plano tem sido um sucesso, diferente de outros estados
que tiveram que fechar novamente", aponta Ataliba, destacando que um
passo para trás no processo de reabertura é o pior cenário que pode
acontecer.
Apesar de estar reagindo bem nos últimos dois meses, mesmo com a
incerteza e a demanda ainda baixa, a consequência para a economia local
poderia ser desastrosa, principalmente para as empresas. "Elas já estão
fragilizadas, a demanda ainda está baixa, o crédito ainda não tem
conseguido chegar para a maioria, principalmente micros e pequenas, e
ainda tiveram de fazer novos investimentos para se adequar aos
protocolos. Por isso, precisamos de ainda mais precaução nessa reta
final", argumenta.
Subdivisões
A fase quatro do plano de reabertura, iniciada em 20 de julho em
Fortaleza, foi subdividida, com o objetivo de trazer mais segurança no
processo de retomada, segundo o Governo. A cada semana, os indicadores
são analisados pelo grupo técnico, que autoriza ou não a volta de mais
atividades. Hoje (3), a Capital está na terceira semana da fase quatro,
enquanto o restante da Macrorregião de Saúde de Fortaleza avança para a
primeira semana da quarta fase.
Uma diferença é que, enquanto em Fortaleza as barracas estão
autorizadas a funcionar até as 23 horas, a permissão não se estende aos
demais municípios que só agora entraram na fase 4. Questionado se o
padrão será seguido da mesma forma nas outras macrorregiões do Estado, o
secretário pontua que irá depender da publicação de cada decreto.
Alem da macrorregião de Fortaleza, avançaram de fase a de Sobral -
para a 2, que marca a reabertura de restaurantes para horário de almoço -
e a do Cariri - para a fase 1, com abertura parcial do comércio.
Demais setores
O analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Alexsandre Cavalcante, detalha
que os cerca de 5% da economia que ainda não reabriu presencialmente diz
respeito a setores mais delicados, cujo retorno precisa ser
excessivamente debatido a fim de garantir a segurança máxima em suas
operações. É o caso dos bares, eventos e educação.
Apesar de ainda aguardarem autorização, ele ressalta que as
atividades podem ser exercidas de forma remota e que, inclusive, compõe o
percentual da economia que está funcionando. "As escolas, por exemplo,
não pararam de funcionar. As aulas continuam virtualmente, apesar de
todas as dificuldades, principalmente no ensino público. Ainda vamos
passar um longo período de acomodação da economia, talvez até que a
vacina chegue, mas consideramos essa primeira etapa da retomada
positiva, tendo em vista todas as incertezas".