Três
policiais foram baleados ao reagir a assaltos na Grande Fortaleza na
noite deste sábado (29). Um deles levou um tiro de raspão na cabeça. Os
militares foram socorridos no Instituto Dr. José Frota (IJF), em
Fortaleza. Ainda no sábado (29), o policial militar Heitor de Amorim
Silva, de 31 anos, foi encontrado morto em um terreno, no município de
Pacatuba.
Dois
dos PMs baleados ficaram feridos após reagir a assaltos em Itaitinga. O
outro caso, também registrado na noite de sábado, ocorreu no Bairro
Pavuna. O policial tentou evitar um assalto em um posto de combustível,
houve troca de tiros com os criminosos e o pm ficou ferido na perna.
O
secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, se pronunciou em
suas redes sociais sobre a morte do policial e a escalada de violência
registrada no Estado após o início do motim da Polícia Militar, em 18 de
fevereiro. Parte da PMCE paralisou as atividades em protesto por
aumento salarial, com atos como ocupação de batalhões da polícia e
sequestro de viaturas. Costa relacionou os homicídios registrados no
Estado ao movimento de paralisação de grupos de PMs.
“Lamento
profundamente o falecimento do Cabo PM Heitor de Amorim Silva, 31 anos.
Assim como lamento a morte desse militar, lamento tantas outras mortes
que tem ocorrido em nosso estado, resultado de um movimento ilegal, que
insiste em manter viaturas sequestradas dentro de batalhões e
companhias, além de impedir que militares trabalhem”, declarou o
secretário.
AUMENTO DE ASSASSINATOS
Neste
sábado (29), pelo menos 10 mortes foram registradas no Estado, segundo
dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará
(SSPDS) e informações apuradas pelo Diário do Nordeste.
O mês
de fevereiro teve um aumento de 138% no número de assassinatos se
comparado aos primeiros 25 dias do mês de fevereiro de 2019.
Foram
registradas 153 mortes violentas em 25 dias de fevereiro de 2019; em
igual período deste ano, a SSPDS contabilizou 364 assassinatos.
'REFLEXÃO'
André
Costa ainda pediu, em declaração na sua página do Instagram, que os
policiais amotinados “reflitam” sobre os resultados da insegurança.
“Reflitam
vocês, policiais que estão amotinados, as suas famílias e seus irmãos
de farda podem ser vítimas da insegurança que vocês estão ajudando a
gerar”, reforçou.
E realçou o trabalho dos profissionais da segurança que continuam atuando em meio à paralisação.
“Quero
que a população saiba que em meio a tudo isso, ainda existem militares
sérios, corajosos e vocacionados, que seguem trabalhando e honrando o
juramento que fizeram. Além disso, enalteço o trabalho dos policiais
civis, peritos e papiloscopistas que estão trabalhando para solucionar o
caso do Cabo Amorim”, disse.
MOTIM NO CEARÁ
Os
atos de grupos policiais iniciaram na noite do dia 18 de fevereiro, com a
ocupação do 18º Batalhão da PM, no Bairro Antônio Bezerra. Policiais
encapuzados esvaziaram pneus de viaturas e bloquearam o acesso ao
Batalhão.
As
ações se espalharam para o Interior do Estado. Em Sobral, o senador
licenciado Cid Gomes (PDT) foi baleado quando tentava entrar com uma
retroescavadeira em um quartel militar ocupado.
Força
Nacional e o Exército Brasileiro foram convocados para dar reforço à
segurança do Ceará, com aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO)
assinada pelo presidente.
NEGOCIAÇÃO
Uma
comissão com membros dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário foi
formada para negociar o fim da paralisação com um representante da PM.
Neste domingo (1º), o grupo se reúne na Assembleia Legislativa do Ceará
(AL-CE)
Os
policiais amotinados reivindicam anistia e outros pontos como reajuste
salarial e auxílio por risco de vida. O Governo do Estado descartou a
anista e encaminhou à Assembleia uma Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) que proíbe o perdão a militares amotinados. O projeto foi
encaminhado pelo governador Camilo Santana (PT) ainda nesta sexta-feira
(28).
Em
paralelo, outros negociadores da comissão, como o presidente da OAB-CE,
Erinaldo Dantas, e o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro,
conversam sobre alternativas para tentar um acordo com o movimento dos
policiais militares.
Com informações Diário do Nordeste