O Flamengo, campeão da Copa Libertadores, estreia
hoje no Mundial de Clubes no Catar contra o Al-Hilal da Arábia Saudita,
em busca de um título mundial que conseguiu pela última vez em 1981,
com outro formado de competição. Naquela ocasião, o adversário foi o
Liverpool, mesma equipe que o time comandado pelo português Jorge Jesus
poderá enfrentar na final, se os 'Reds' vencerem na quarta-feira o
Monterrey do México.
"Falam de possível confronto com o Liverpool mas precisamos de
concentração para o primeiro jogo. Não me interessa nada além disso",
afirmou o veterano técnico português.
De fato, o time carioca terá antes que derrotar o campeão da Liga dos
Campeões da Ásia, o Al-Hilal que disputa pela primeira vez um Mundial
de Clubes, e que acaba de vencer por 1 a 0 o campeão africano Espérance
da Tunísia nas quartas de final.
"Já aconteceu com outras equipes sul-americanas que vieram e perderam
nas semifinais, então nós damos prioridade máxima a esta partida. Vamos
pensar na final, se avançarmos", alertou na mesma linha de prudência o
ex-lateral do Atlético de Madrid, Filipe Luís em entrevista para a Fifa.
Realmente a semifinal é um momento traiçoeiro da competição. Nos
últimos anos, vários clubes brasileiros não conseguiram passar por essa
antessala. São os casos do Internacional e do Atlético-MG. No ano
passado, o River Plate caiu diante do Al Ain.
Mas o Flamengo possui um antídoto importante para eventuais momentos
críticos no jogo: a experiência europeia. Rafinha e Filipe Luís fizeram
suas carreiras praticamente inteiras no Velho Continente. Além dos
laterais, Diego Alves e Diego Ribas e o espanhol Pablo Marí, Gerson,
Bruno Henrique e Gabriel também estiveram em terras estrangeiras.
Ano dos sonhos
O Flamengo ganhou o direito de participar da competição no Catar em
novembro passado ao derrotar na final da Libertadores em Lima o River
Plate por 2 a 1 garantindo assim seu segundo título no torneio de maior
prestígio da América do Sul após a edição de 1981, que antecedeu o
Mundial Interclubes daquele mesmo ano.
Depois de também vencer o Campeonato Brasileiro, o time rubro-negro
quer fechar o ano dos sonhos com um novo título que lhe permitirá entrar
no grupo exclusivo de clubes brasileiros que foram coroados neste
formato do Mundial de Clubes: Corinthians (2000 e 2012), São Paulo
(2005) e Internacional de Porto Alegre (2006). Esses quatro clubes são
os únicos não europeus a terem levantado o troféu.
No Estádio Internacional Khalifa (às 14h30 pelo horário de Brasília),
Jorge Jesus poderá contar com todo seu elenco. Para o técnico o duelo
será especial já que o português teve uma breve passagem pelo clube
saudita em 2018 e início de 2019.
"Nosso técnico os treinou antes. Ele começou a armar a equipe, então
ele sabe bem como eles jogam. Estamos muito preparados para esta
partida", afirmou Filipe Luís.
Importância
Campeão da Copa Libertadores, o Flamengo chega sob grande expectativa
para o Mundial de Clubes, especialmente para uma eventual decisão com o
Liverpool. Esse cenário pressiona o time a confirmar o seu favoritismo
no duelo com o Al-Hilal. O técnico Jorge Jesus destacou, porém, que o
clima de expectativa e a necessidade de lidar com a pressão se dão pelo
êxito esportivo do time, que também venceu o Campeonato Brasileiro nesta
temporada. E isso lhe traz satisfação.
"É um ano de pressão, mas muito mais de satisfação. E é isso que
vamos tentar passar no nosso jogo. É um prazer, uma alegria, vamos
tentar ganhar. Essa pressão é sinônimo do sucesso. Quem não quer? Quero
viver toda minha vida com essa pressão", disse.
Jesus, porém, evitou por diversas vezes realizar comentários sobre o
Liverpool, que na quarta-feira fará a outra semifinal do Mundial contra o
mexicano Monterrey. O treinador fez elogios ao Al-Hilal, prevendo um
duelo complicado para o Flamengo nesta terça. "No Brasil, fala-se muito
do Liverpool e esquecem que temos um jogo antes. Esquecem por ser um
time saudita, não ser da Europa, não sendo muito valorizado", afirmou.
A edição de 2019 do Mundial é a penúltima a ser disputada por sete
clubes, pois a Fifa vai alterar o formato de disputa da competição a
partir de 2021, com a participação de 24 times, além da periodicidade,
sendo realizado de quatro em quatro anos. Até por isso, Jesus avaliou
que a competição será cada vez mais valorizada. "Esse Mundial de Clubes
cada vez terá mais importância na história de quem ganhar. Cada vez será
mais difícil. Antigamente, era um jogo, agora não é assim, e em dois
anos será com 24 clubes. Será cada vez mais difícil".
Jesus também comentou sobre o reencontro com o Al-Hilal, último clube
dirigido por ele antes de assumir o Flamengo. E embora esteja focado em
seu trabalho no time carioca, o treinador português admitiu que será
especial reencontrar seus ex-jogadores.
"Ajudei o Al-Hilal a formar essa equipe. Hoje, não tenho nada a ver
com o Al-Hilal, a não ser o carinho dos jogadores. Um deles é o Gomis. E
como é o destino. Falamos que iríamos nos encontrar no futebol e nos
encontramos", comentou.
Reencontros
Mas outro que também vai se reencontrar com seus ex-companheiros é o
colombiano Gustavo Cuéllar, que participou até as quartas de final da
campanha vitoriosa do Flamengo na Libertadores e que agora joga no
Al-Hilal ao lado de vários jogadores sul-americanos.
O volante forma um talentoso meio de campo ao lado do brasileiro
Carlos Eduardo e com o peruano André Carrillo armando as jogadas
ofensivas.
Carrillo foi eleito o melhor jogador do duelo de estreia contra o
Espérance, embora o autor do gol da vitória tenha sido o veterano
atacante francês Bafétimbi Gomis, que havia entrado em campo apenas oito
minutos antes.