Genie Wiley (nome alterado para fins de preservação de identidade) passou 12 anos de sua vida trancada em um quarto, amarrada por uma camisa de força, porque seu pai – um homem de perfil controlador e abusivo – suspeitava que a criança sofresse de uma deficiência mental.
Após ser libertada por sua mãe, aos 13, a jovem pesava apenas 26 kg e ficou com graves sequelas do abuso sofrido pelo pai, chegando a ser considerada uma “criança selvagem” por apresentar uma série de comportamentos primitivos.
As informações são do documentário Genie Wiley, do canal TLC.
Genie
foi salva por sua mãe, Irene, que fugiu da casa do ex-marido em 1970,
com a filha. Por sofrer de catarata e estar praticamente cega, Irene
tentou chegar ao escritório de um assistente social em busca de uma
pensão por invalidez, mas errou o local e entrou em um centro de ajuda
para crianças. Os assistentes sociais ficaram horrorizados com a
situação.
Psicólogos
concluíram que Genie tinha a mentalidade de um bebê, por não ter tido
contato com qualquer ser humano. A criança não sabia mastigar, falava
apenas palavras como “azul”, “laranja” e “mãe”, e urinava e defecava na
frente de todos quando ficava estressada.
Esses
comportamentos levaram Genie a ser classificada como uma “criança
selvagem”, embora o termo geralmente se aplique a crianças criadas por
animais, visto que o caso da menina também demonstra a complexidade da
linguagem. Este foi considerado um dos mais graves casos de abuso
infantil da história.
Clark
teve quatro filhos com a esposa Irene, em Los Angeles, EUA. Um deles
morreu ainda bebê após ele abandoná-lo em uma garagem fria; outro morreu
por complicações no parto, de forma que sobraram apenas Genie e um
outro filho chamado John.
Com
pouco mais de um ano, a bebê foi presa no quarto por seu pai, que
apresentava sintomas de paranoia e violência. Clark proibiu a menina
ainda criança de chorar ou fazer qualquer barulho, mantendo-a presa,
isolada de contatos sociais e praticamente sem acesso à luz do sol. O
pai rosnava para a filha como um cachorro e a batia com uma vara se ela
fizesse barulho.
Genie se alimentava praticamente de líquidos e podia “sair” apenas durante a noite, quando ficava presa em um banheiro.
O
homem foi preso por abuso infantil, mas se suicidou no dia do
julgamento, deixando em sua cela um bilhete com os dizeres “o mundo não
vai compreender”.
Genie
foi encaminhada para uma série de hospitais psiquiátricos e, mesmo
adulta, enfrentou sérias dificuldades para entender gramática e formular
frases complexas. Estima-se que Genie tenha cerca de 60 anos e, segundo
informações do documentário Genie Wiley, do canal TLC, ela não vê seu
irmão John desde 1982.
Irene, mãe dos dois, morreu em 2003.