Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República, passou o dia
de ontem em Fortaleza, cumprindo agenda de campanha e encontros
reservados com o núcleo central do seu grupo cearense. Ele espera que o
governador Camilo Santana (PT) escolha o melhor candidato a presidente
para o Brasil e o Ceará, especialmente, mas tem certeza que, qualquer
que seja a decisão do governador, o cearense vai votar nele para
presidente.
Sobre a disputa para o Senado, Ciro disse que vota no irmão, Cid, e
está procurando outro candidato para ter o seu voto. Em nenhum momento
ele falou em Eunício Oliveira (MDB), a quem já fez várias acusações,
mesmo sendo o segundo nome para a disputa ao Senado da preferência do
governador Camilo.
Ciro, logo pela manhã, acompanhado do prefeito Roberto Cláudio (PDT),
visitou o canteiro de obras do Residencial Alto da Paz, no Bairro
Vicente Pinzón, na Capital cearense. Ele ainda não tem sua programação
de campanha no Ceará, até o dia da eleição, mas começou a tratar desse
assunto ontem mesmo com correligionários. Oficialmente, não constava da
sua agenda encontro com o governador Camilo Santana, mas já está certo
de que estará de volta ao Ceará, sábado próximo, para prestigiar o
lançamento da candidatura à reeleição do deputado André Figueiredo,
presidente estadual do PDT.
Ele afirmou que vai pedir voto para o governador, pois, em sua
avaliação, "é o melhor para o Ceará. Tem decência, compromisso popular,
tem plano". Salientou ainda que Camilo deve defender aquilo que ele
acreditar ser o melhor. "Vamos deixar o Camilo, que é o governador, e
tem o meu apoio, que, serenamente, veja o que é melhor para ele, para o
Brasil, para o Ceará. E eu tenho certeza que o povo do Ceará vai
entender, qualquer que seja a atitude que o Camilo tomar, e vai votar em
mim", afirmou o candidato.
Outro nome
Ciro Gomes também descartou, mais uma vez, qualquer possibilidade de
voto no senador Eunício Oliveira (MDB), destacando que está em busca de
outro nome para apoiar ao Senado Federal, além de Cid Gomes. Quando
perguntado sobre apoio às postulações de senadores no Estado, o
presidenciável foi taxativo. "Eu já tenho um senador seguro, que é o Cid
Gomes. O outro vou procurar".
Ciro reconhece a dificuldade de Camilo com a Segurança. Ele "está
apanhando na Segurança Pública", disse, prometendo, se for eleito
presidente, assumir para o Governo Federal esse problema que é nacional.
"Organizaram essas facções criminosas em São Paulo e no Rio de Janeiro,
e lá fizeram acordo. Aqui, ele (Camilo) está sofrendo porque não fez
acordo, porque não fazemos acordos com bandidos", disse.
Ainda segundo Ciro, narcotráfico e contrabando de armas são ações
criminosas impossíveis de um governador resolver. "Quem vai resolver sou
eu, vou tirar esses bandidos das facções e colocar em celas solitárias,
proibidos de se comunicar. Porque é assim que se corta a cabeça do
crime organizado", defendeu.
Generosidade
Questionado sobre o papel do Ceará em sua campanha, visto que das
outras duas vezes em que disputou a Presidência da República venceu no
Estado, o presidenciável disse que "no dia em que eu não tiver mais o
respeito e o carinho do povo do Ceará, nesse dia vou me considerar
dispensado da política", admitindo que terá uma boa votação pela
generosidade dos cearenses com o seu desempenho político, ao longo das
últimas décadas.
Sobre a possibilidade de um candidato do PT e o postulante Jair
Bolsonaro receberem expressivos apoios no Ceará, Ciro disse apenas que
"é muito natural que nosso povo, no começo do debate, manifeste
simpatias, mas, no fim, tenho certeza: vão me ajudar a mudar o Brasil".
O pedetista ressaltou também que, apesar de defender candidaturas do
Partido dos Trabalhadores (PT) aos governos dos estados do Ceará, Bahia e
Piauí, a sigla petista o transformou em seu principal adversário no
pleito deste ano. Quando perguntado sobre as alianças informais que vêm
tentando costurar em diversos estados, inclusive com integrantes do MDB,
ele afirmou que, atualmente, tem base em, praticamente, todas as
unidades federativas do Brasil.
O presidenciável cearense fez questão de destacar uma "coincidência
curiosa": nos únicos estados em que não têm estrutura, Bahia e Piauí,
resolveu apoiar candidaturas petistas. No caso do Piauí, com a
postulação à reeleição do governador Wellington Dias, e na Bahia, a de
Rui Costa, ambos do PT. "Hoje, eu tenho base em todos os estados
brasileiros. Coincidência curiosa é que nos únicos dois estados em que
eu não tenho estrutura, Bahia e Piauí, é onde resolvi apoiar o PT",
mencionou.
Bullying
Segundo disse o presidenciável, no Ceará é diferente, uma vez que o
governador Camilo Santana, também do PT, faz parte de seu grupo
político. "Aqui a base é minha, aqui é meu povo. Mas nos lugares em que
não tenho estrutura de alianças, resolvi apoiar o PT, que me transforma
no seu principal adversário". Apesar das críticas feitas ao PT e aos
seus adversários, o pedetista disse que não estava se queixando, mas
queria apresentar ao povo brasileiro uma alternativa.
Ele afirma estar sofrendo "bullying" de seus adversários, alguns "por
não terem estudado" e outros "por estarem sustentando o Governo Temer e
falando em mudanças". "Ficou claro que eu vou sofrer 'bullying' a
campanha toda. Os meus adversários parecem ter medo de perguntar algo
para mim, porque alguns não estudaram e outros não têm como explicar as
contradições de estarem sustentando o Governo Temer e falando em
mudança", disse.
Segundo ele, o Brasil tem, atualmente, 13,7 milhões de desempregados,
32 milhões de brasileiros "vivendo de bico" e outros 63 milhões com nome
sujo no SPC. "O Governo precisa atender a agenda desse povo, virar o
jogo do desemprego, da informalidade. Só assim vamos enfrentar a
violência, só assim vamos educar com decência o filho do trabalhador",
defendeu.