O cientista australiano David Goodall, de 104 anos, morreu na manhã
desta quinta-feira (10) na Suíça após sair de seu país para uma clínica
de suicídio assistido. No início do mês,
o pesquisador virou notícia porque queria acabar com sua própria vida.
Goodall não sofria de nenhuma doença terminal, mas afirmava que sua
qualidade de vida havia piorado muito com o passar do tempo.
A morte foi confirmada pela clínica Exit International, instituição que
ajuda pacientes a morrer na Suíça, onde o suicídio assistido é legal.
Uma nota da empresa informa que o pesquisador escolheu uma injeção letal
para morrer e caiu no sono segundos depois. O cientista estava
acompanhado de netos, familiares e médicos que acompanharam o processo.
Goodall escolheu a 9ª sinfonia de Beethoven para acompanhar sua morte,
informa a clínica. Segundo o médico Philip Nitschke, que acompanhou a
morte, ele morreu tão logo a música acabou.
O cientista doou o seu corpo à medicina. Ele também pediu para que não
tivesse enterro, nem qualquer tipo de cerimonial. Segundo a Exit
International, Goodall não acredita em nenhum tipo de continuação de
vida após a morte.
O suicídio assistido, ou eutanásia, é ilegal na maioria dos países do
mundo. Era totalmente proibido na Austrália, mas no ano passado foi
legalizado no estado de Victoria, informa a agência France Presse.
A legislação, no entanto, contempla apenas pacientes com doenças em fase terminal -- o que não é o caso de Goodall.
O pesquisador nasceu em Londres, mas vivia sozinho em um pequeno
apartamento em Perth, no leste australiano, informa a BBC. Ele deixou
seu emprego em 1979, mas se manteve envolvido com sua área de trabalho
depois disso.
De acordo com a BBC, Goodall editou uma série de livros de 30 volumes
chamada "Ecossistemas do Mundo" e foi nomeado membro da Ordem da
Austrália por seu trabalho científico.
O professor Goodall, pesquisador associado honorário da Universidade
Edith Cowan de Perth, também virou manchete em 2016, quando o centro de
ensino solicitou que abandonasse o cargo, alegando riscos vinculados a
seus deslocamentos, informa a agência France Presse.
A universidade recuou em sua decisão após a indignação provocada pela
notícia. Goodall publicou dezenas de estudos ao longo da carreira e até
recentemente colaborava com várias revistas especializadas em ecologia.