A
promoção da cultura da paz para a superação da violência é o objetivo
da Campanha da Fraternidade (CF-2018) deste ano, segundo a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A campanha nacional, promovida
anualmente em todas as dioceses do país, será lançada nesta quarta-feira
(14/2), em Brasília. A cerimônia ocorrerá na sede da CNBB, na 905
Norte, às 10h, e terá a presença da ministra Cármen Lúcia, presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF). O cardeal Sergio da Rocha, Arcebispo
Metropolitano de Brasília e presidente da CNBB, também deve apresentar a
mensagem durante a celebração da missa na Catedral, às 19h30.
Nos
últimos dois anos, a campanha focou em temas ambientais. Neste, o tema
escolhido, "Fraternidade e superação da violência", tem como objetivo
geral a construção da fraternidade, promovendo a cultura da paz, da
reconciliação e da justiça, à luz da palavra de Deus, como caminho de
superação da violência. Ele foi escolhido ainda em 2016, ano em que o
Brasil teve recorde de mortes violentas intencionais, como homicídios e
latrocínios: 61 619 vítimas, o equivalente a 168 por dia, segundo o
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O lema, "Vós sois todos irmãos", é
baseado em uma passagem da Bíblia, em Mateus 23,8, que diz: "Mas vós
não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois
todos irmãos."
Segundo
a conferência, a Igreja Católica quer advertir que a violência não
constitui, em qualquer circunstância, uma resposta justa. "A Igreja
proclama, com a convicção de sua fé em Cristo e com a consciência de sua
missão, que a violência é um mal, é inaceitável como solução para os
problemas e não é digna do ser humano", afirma em seu site. Para o
secretário executivo da Campanha da Fraternidade (CF), padre Luís
Fernando, a superação da violência "exige comprometimento e ações
envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes
constituídos para a formulação de políticas públicas emancipatórias que
assegurem a vida e o direito das pessoas em uma sociedade"
Para
a CNBB, a busca de soluções alternativas à violência para resolver os
conflitos assumiu hoje um caráter de "dramática urgência". Para isso, se
torna essencial a busca das causas que a originam, inclusive as que se
ligam a situações estruturais de injustiça, de miséria, de exploração. O
lema da campanha é uma forma de resgate do sentido da fraternidade dos
povos. "Somos todos irmãos e irmãs, filhos e filhas de um mesmo Pai. Por
isso, iluminados pelo evangelho do Reino, somos chamados à não
violência", afirma a CNBB.
Entre
as propostas de ação apresentadas pela CNBB tem destaque a Justiça
restaurativa, que é incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O sistema, existente há 10 anos, escuta agressores e agredidos e busca
soluções intermediárias que não só a punição. Entre outros indicativos
de ação pública, aparecem a defesa da Lei Maria da Penha, do Estatuto do
Desarmamento e das diversas legislações sobre direitos humanos, além da
participação em conselhos paritários.
Campanha marca início da quaresma
A
Campanha da Fraternidade é realizada todos os anos pela CNBB desde
1964, em pleno desenvolvimento do Concílio Vaticano II, quando foi
realizada a primeira campanha nacional. O evento católico é sempre
iniciado na quarta-feira de cinzas, quando tem início a Quaresma,
período de 40 dias no qual a Igreja Católica convida os fiéis a praticar
a oração e o jejum até o domingo de Ramos, em 25 de março. Durante a
cerimônia será lida a mensagem do papa Francisco para o período da
Quaresma.