Iguatu. O sol forte, o céu limpo, falta de nuvens, de
vento e de chuvas favorecem o aumento da temperatura nesta época do ano.
Se os moradores da área litorânea estão reclamando do calor intenso,
para quem mora no sertão, a sensação térmica é insuportável, pois há
menos vento. Essa é a queixa geral do cearense. As elevadas temperaturas
deixam os moradores enfadados e a reclamação ocorre principalmente na
rua.
Ontem, no entanto, houve uma ligeira mudança no tempo. O céu permaneceu
nublado e houve registro de chuva em pelo menos dez municípios, segundo
a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). As
cinco maiores foram em Redenção (12mm), Pacajus (9,6mm), Santana do
Cariri (5mm), Barbalha (3,5mm) e Araripe (3,4mm). Para os próximos dois
dias, a Funceme prevê tempo com nebulosidade variável e ocorrência de
chuvas isoladas em todas as regiões, com predomínio na faixa litorânea,
Sul e Maciço do Baturité.
A onda de calor que deu trégua nessa terça-feira, em decorrência do
tempo nublado, deve voltar com intensidade no decorrer da semana. Há
seis dias, a Funceme registrou, em estações do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) no Ceará, elevadas temperaturas do ar em Jaguaribe
(39,6ºC); Crateús (39,4ºC), Sobral (38,5ºC), Iguatu (38,4ºC) e Tauá
(38ºC).
Durante os últimos dias, principalmente em municípios das regiões do
Cariri, Sertão Central e Inhamuns, precipitações começaram a molhar a
terra e dar esperança ao povo cearense. Entre dezembro e janeiro, as
precipitações que caem no Estado são provocadas pelos fenômenos Vórtices
Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) e Cavados de Altos Níveis (CAN). No
sul do Estado, durante este período, sistemas meteorológicos que chegam
ao Nordeste também trazem chuvas. Nesta época, os acumulados não chegam a
ser grandes. As normais para dezembro e janeiro são, respectivamente,
31,6mm e 98,7mm. Até o momento, os maiores acumulados foram em Itapipoca
(110,8mm), no dia 16; e Altaneira (24mm), no dia 18.
Explicação
"As chuvas, neste período, geralmente não são muito volumosas. Em
janeiro se tem as precipitações mais significativas do período porque os
sistemas mencionados (VCAN e CAN) são mais atuantes naquele mês em
especial", detalha o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme,
meteorologista Raul Fritz.
O calor intenso deixa até a água do chuveiro e das torneiras mais
quente. "Tive que colocar baldes sobre pias e no banheiro porque ninguém
aguenta tomar banho com a água que sai da encanação", disse a
aposentada Francisca Caldas. "Aqui em Iguatu, o calor só diminui quando
chega o 'Aracati'(vento forte que sopra do mar para o sertão nessa época
do ano, à noite)".
Entre quem trabalha ao ar livre, como pedreiros e auxiliares, pintores,
vendedores de rua, varredores e mototaxistas, a reclamação ainda é
maior. "O jeito é tentar se proteger e beber muita água para se
hidratar", disse o mestre de obras Paulo Gomes.
"O calor está matando", disse o vendedor de água mineral, Alcides
Lopes. "Ninguém está suportando e até para dormir está ruim, só vai com
ventilador". As vendas de água mineral aumentaram 40% e de água de coco
cerca de 30%, em pelo menos cinco pontos de comercialização no Centro
desta cidade.
Para Raul Fritz, esse quadro de sensação térmica desagradável deve
permanecer até o fim do mês. "Quando chove, ocorre uma diminuição da
temperatura, essa sensação térmica alivia".
Muitos moradores saem de casa, usando guarda-chuva para se proteger do
sol, como a aposentada Francisca Ribeiro. A maioria evita ir às compras
no período da tarde, por isso a movimentação maior no comércio é pela
manhã nas cidades do Interior.