Hipertensão, diabetes, excesso de peso e tabagismo estão entre os fatores de risco para as doenças
As doenças cardiovasculares representam a primeira causa de óbito na
população do Ceará. É o que aponta o mais recente boletim epidemiológico
das doenças não transmissíveis (DCNT), da Secretaria da Saúde do Estado
(Sesa). Em 2016, 53,2% das mortes por DCNT no Estado foram por doenças
no coração.
De acordo com o cardiologista Marcelo de Paula, médico atuante no
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e no Hospital de
Messejana, as doenças cardiovasculares ocorrem por uma série de motivos,
mas, principalmente, pelos fatores genético e de comportamento. "Nossa
população está ficando mais pesada e esse fator acarreta muitas
enfermidades, como diabetes e hipertensão, trazendo consigo as doenças
cardiovasculares", explica.
Os dados apresentados de Fortaleza apontam que, entre os anos de 2006 e
2015, ocorreu aumento de 31,8% na prevalência do excesso de peso,
passando de 42,2% em 2006 para 55,6% no ano de 2015. Além disso, também
foi divulgado que no período entre 1997 e 2016, houve um aumento das
doenças hipertensivas (313,5%) passando de 5,2 para 21,5 por 100 mil
habitantes.
A hipertensão, assim como o diabetes, geralmente provém do fator
genético, mas também é causada pela falta de cuidados com a saúde.
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, obesidade,
sedentarismo, estresse e uma alimentação rica em sal são alguns dos
causadores da doença, que aumenta o risco de infarto. Em geral, a
hipertensão surge na faixa etária de 40 a 60 anos, mas também pode
aparecer entre os jovens.
Contudo, o cardiologista enfatiza que, apesar de muitas pessoas
realizarem atividades físicas ou não fumarem, o cuidado tem que ser
completo, com uma boa alimentação e consultas regulares ao médico,
controlando a pressão arterial e o colesterol. "Os fatores genéticos nós
não podemos mudar, mas o comportamento sim. Se você cuida bem do seu
peso e do seu organismo, talvez você nunca desenvolva um diabetes ou
hipertensão, ou desenvolva já idoso. Você vai ter uma qualidade de vida
melhor e poder viver por mais tempo", salienta Marcelo de Paula.
Déficit
No Ceará, o Hospital de Messejana é referência nos tratamentos
cardiovasculares, sendo o único do Estado que realiza transplantes.
Contudo, no último mês de novembro, o hospital registrou falta de
medicamentos, materiais cirúrgicos e atraso nos salários dos
funcionários, atingindo inúmeras pessoas.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Ceará esclareceu que todos os meses
os materiais e medicamentos são repostos, mas não informou se os que
faltaram neste mês chegaram ao hospital ou não. Divulgaram, ainda, que a
descontinuidade pontual de alguns insumos médico-hospitalares deve-se a
fatores que envolvem o fornecimento, "como realinhamentos de preços,
atrasos de entrega (em 2016 e em 2017 a Secretaria notificou vários
fornecedores por esse motivo), requerimentos de troca de marca por parte
dos ganhadores das licitações, além de trâmites burocráticos
necessários para dar mais segurança ao processo de aquisição", diz a
nota.
Crônicas
Além do coração, diabetes, câncer e enfermidades respiratórias crônicas
estão entre as que mais matam no Estado. No geral, destaca o boletim,
as DCNTs representam 49,4% de todos os óbitos registrados no ano de
2016.
De acordo com a Sesa, é possível observar um comportamento crescente
das taxas de mortalidade por causas específicas das DCNT. Entre elas,
destacam-se as doenças cerebrovasculares como as de maiores taxas de
mortalidade, apresentando em 1997 a taxa de 34,2 e 2016 de 50,7 por 100
mil habitantes. "Considerando o período entre 1997 e 2016, houve um
aumento na diabetes (122,4%) elevando-se de 9,8 para 21,8 por 100 mil/
habitantes e doenças isquêmicas do coração (123,3%), passando de 21,5
para 48,0 por 100 mil/ habitantes", indica a secretaria.
A segunda causa de óbito no Ceará está representada pelas neoplasias.
As doenças do segmento mataram 8,2 mil pessoas. Entre os homens, somente
o câncer de próstata levou a óbito 673 homens, o câncer de pulmão 592, e
o de estômago, 485 em 2016. Entre o sexo feminino, o câncer de mama
matou 614 pessoas no ano passado. Outras 555 mulheres morreram em
decorrência do câncer nos brônquios e pulmões. (Colaborou Ana Maria
Cajado)