SÃO
PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de o governador Geraldo Alckmin
(PSDB-SP) ter declarado que seria "melhor para o país" a permanência de
Michel Temer à frente da Presidência, a bancada tucana paulista repetiu o
voto em massa contra o peemedebista na votação da segunda denúncia de
corrupção da Procuradoria-Geral da República.
Na
votação do primeiro relatório contra Temer, em agosto, foram 12 tucanos
a favor de investigar Temer e 1, contra. Agora, o placar foi 10 a 1
-Mara Gabrilli, que havia votado contra o peemedebista em agosto, estava
ausente agora. O único voto pró-Temer se repetiu: a deputada Bruna
Furlan.
Nos
últimos dias, o Palácio do Planalto fez ventilar que teria o trabalho
do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), para tentar mudar alguns
votos. Mas o fato é que a influência de Alckmin é muito maior na bancada
federal, e de todo modo há uma forte preocupação entre os deputados com
o chamado voto ideológico no ano que vem -e quase ninguém quis ter seu
nome associado ao impopular presidente.
Além
disso, houve quem visse no anúncio o estímulo à rixa entre Doria e seu
padrinho, Alckmin, na disputa pela indicação tucana à Presidência. O
prefeito, que aproximou-se de Temer e vem sendo favorecido com a
liberação de recursos federais, viu sua postulação enfrentar
dificuldades nas últimas semanas -enquanto o governador foi no caminho
contrário, inclusive vendo o PSDB-SP lançar um site para sua
pré-campanha na internet.
É
previsível que Alckmin seja fustigado pelos governistas nos próximos
dias, e que novos acenos do Planalto e do PMDB possam ser feitos a
Doria, se confirmado que Temer irá se salvar novamente.
O
governador nunca foi entusiasta do apoio do partido ao governo Temer,
embora tenha oscilado em suas declarações. O fiador principal da aliança
era Aécio Neves, senador e presidente licenciado do PSDB, que hoje
briga para manter-se desta forma até pelo menos a convenção nacional do
partido em dezembro.
Aécio
caiu em desgraça com a delação da JBS, chegou a ser afastado do
mandato, mas o recuperou numa intrincada operação que envolveu o
Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Ele insiste em ficar, e a
tendência do partido é tentar empurrar com a barriga, contando com a
ausência do presidente interino, Tasso Jereissati (CE), da lista de
candidatos a ficar na chefia durante a campanha de 2018.
O nome de consenso, que agrada a vários setores, é o do governador goiano, Marconi Perillo.
O
PSDB, de todo modo, apanhou no plenário nesta quarta (25). Quem votou
contra o relatório do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) em favor de
Temer lembrava o partido do autor com entusiasmo. Quem votou a favor,
fazia o mesmo, constrangendo os tucanos que foram contra o
correligionário.