Rio
- A Polícia Civil do Rio desmantelou uma quadrilha de presos que atuava
de dentro de um presídio de Mata Grande, em Rondonópolis, no Mato
Grosso, se passando por médicos para aplicar golpes em familiares de
pacientes internados em hospitais de todo o país. Foram presas quatro
pessoas na cidade onde fica a cadeia que auxiliavam os criminosos no
golpe.
De acordo com o delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP
(Copacabana), o crime começou a ser investigado há seis meses, após
registros de ocorrência feitos por vítimas na delegacia. Entretanto, o
golpe é praticado em nível nacional em diversas redes hospitalares há
pelo menos três anos, e é estimado que tenham lucrado cerca de R$ 200
mil por mês. A Polícia Civil do Mato Grosso e o Presídio de Mata Grande
auxiliaram nas investigações.
"São vários hospitais, inúmeros. Todas as grandes
redes hospitalares foram vítimas, sejam públicos ou particulares. As
denúncias chegaram em inúmeras delegacias do estado, mas há vítimas de
pacientes e hospitais no Brasil todo", disse Ferrando.
Em
posse de informações sobre pacientes internados, eles ligavam para os
familiares e diziam que os internados tinham piorado o seu estado de
saúde, necessitando realizar algum procedimentos urgentemente.
Emocionalmente envolvidos e preocupados com a vida do parente, os
familiares aceitavam pagar a quantia informada para realizar os tais
"exames", pelos quais chegavam a cobrar R$ 9 mil. Uma conta era
informada para que o dinheiro fosse depositado.
O caso foi revelado pelo Jornal Nacional desta quinta-feira. Os
dados dos pacientes eram conseguidos pelos criminosos também a partir
de fraudes, quando também se passavam por médicos para conseguir as
informações.
"A rede hospitalar também figura como
vítima, tendo em vista que as informações eram obtidas dos hospitais
mediante, também, o emprego de fraude, tendo em vista que os criminosos
se especializaram em se passar por médicos para extrair informações de
pacientes internados", aponta a investigação.
Após
autorização da Justiça, foram realizadas interceptações telefônicas,
quebra de sigilo bancário e busca e apreensões. A investigação contou
com o monitoramento de 95 mil chamadas telefônicas, que totalizaram
1.930 horas de ligações e localizaram 52 ramais telefônicos utilizados
pelos criminosos.
Os quatro presos moravam em Rondonópolis e eram
ligados aos presos que aplicavam os golpes. Eles atuavam captando os
dados dos pacientes nos hospitais e passando estes para os presos,
captando contas para os depósitos, comprando créditos para celulares, e
realizando saques, enviando parte do dinheiro para a cadeia. Contra eles
foram cumpridos mandados de prisão temporária.
Segundo as
informações, há alvos dos criminosos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Santa Catarina. É estimado
que pelo menos 500 pessoas tenham sido vítimas.
Contra os
detentos também foram cumpridos mandados de prisão, além de busca e
apreensão nas celas, onde foram encontrados cinco celulares e cadernos
com informações sobre como era praticado o golpe. Um papel com o texto
falado pelos presos no momento do golpe foi encontrado pela polícia.