Anfitriã da Copa das Confederações, a seleção russa abre o torneio
neste sábado contra a Nova Zelândia, às 12h (de Brasília), em São
Petersburgo, sob olhares de um torcedor bem exigente: nascido na cidade,
o presidente Vladimir Putin estará na Arena Zenit e afirmou que espera
ver um “time de guerreiros” em campo, já que os resultados recentes têm
decepcionado o país. A declaração caiu como uma pressão ainda maior ao
renovado time do técnico Stanislav Cherchesov, que assumiu após o
fracasso na Eurocopa, em 2016, e convocou apenas oito atletas que
estiveram na França.
A partida de estreia do Grupo A, que
contará com o brasileiro Sandro Meira como árbitro de vídeo, terá
transmissão ao vivo do SporTV e SporTV Play, a partir das 10h, além de
acompanhamento em Tempo Real no GloboEsporte.com.
Ainda sob o comando de Leonid Slutsky, que havia substituído Fabio
Capello em agosto de 2015, a Rússia foi eliminada ainda na primeira fase
da Euro, com duas derrotas e um empate. Logo em seguida, Cherchesov foi
contratado e começou a renovar o time, mas contando apenas com
amistosos, já que a seleção tem vaga garantida no Mundial. Nos últimos
15 jogos, foram apenas três vitórias, o que gerou a cobrança de Putin
por melhor desempenho em casa. A abertura da Copa das Confederações será
a primeira partida oficial com o treinador.
- Os torcedores e aqueles que amam o futebol russo esperam resultados
melhores da nossa seleção. Nós esperamos que os atletas joguem com total
comprometimento, como verdadeiros guerreiros – disse Putin na
quinta-feira.
Na entrevista coletiva da véspera da abertura, Cherchesov foi
questionado algumas vezes sobre a declaração do presidente e não gostou
das cobranças da imprensa por uma posição. Após falar uma primeira vez
sobre o tema, negou-se a responder ao ser questionado de novo.
- Estamos lendo e ouvindo tudo que acontece, se nosso presidente fala
sobre a seleção quer dizer que ele está nos acompanhando. Tivemos
algumas críticas sim, mas vamos falar de futebol. Estamos falando de
outras coisas agora... Aqui é para falar de futebol. Estou parecendo um
diplomata, falando um monte de coisas sobre nada, né?
A pressão de Putin foi mais um dos temas polêmicos que a seleção russa
teve que enfrentar às vésperas da estreia. A situação da Arena Zenit,
estádio que custou oficialmente cerca de R$ 2,3 bilhões após dez anos de
obras, também foi tema de vários questionamentos da imprensa.
Principalmente por causa do gramado, que nunca apresentou boas
condições, foi totalmente trocado em maio e não foi mais testado, já que
as duas seleções nem puderam treinar nele na sexta.
Dos 23 convocados por Slutsky na Euro, apenas oito estão no grupo de
Cherchesov para a Copa das Confederações: os goleiros Akinfeeev e
Guilherme (brasileiro naturalizado), os defensores Shishkin e Smolnikov,
os meio-campistas Glushakov, Golovin e Samedov e o atacante Smolov. O
técnico preferiu manter mistério sobre o time e não revelou a escalação.
A única pista é que o time deve ter mudanças em relação ao que empatou
com o Chile no amistoso do último dia 9.
- Deve ser diferente. Foi uma boa pergunta. Mas, mesmo se eu soubesse,
não contaria – disse Cherchesov antes do treino na sexta, que só teve 15
minutos aberto para a imprensa.
No lado da Nova Zelândia, o técnico Anthony Hudson prometeu não se
intimidar contra os donos da casa. Segundo o inglês de apenas 36 anos, a
representante da Oceania está pronta para jogar de igual para igual
contra a Rússia em São Petersburgo:
- Nós sabemos tudo sobre a Rússia, desde o técnico anterior. Sabemos
como eles jogavam antes e como jogam agora. Temos muitos detalhes, acho
que entendemos bem esse time. Estou confortável sobre como vemos a
seleção russa.
Para o atacante Chris Woods, destaque do Leeds United na última
temporada e capitão dos All Whites, a campanha da Islândia na Euro de
2016 serve de inspiração para a Nova Zelândia na Copa das Confederações.
Há dois anos, os islandeses passaram da primeira fase e eliminaram a
Inglaterra nas oitavas, caindo apenas para a anfitriã França nas
semifinais.
- Os campeonatos são cheios de histórias assim, sempre há seleções que
surpreendem. Nós queremos fazer isso, queremos mostrar ao mundo que
merecemos estar aqui e que temos qualidade.
Brasil representado com árbitro de vídeo
Com a Seleção fora da Copa das Confederações pela primeira vez em 20
anos, o Brasil estará representado na abertura do torneio com um membro
na equipe de arbitragem: Sandro Meira Ricci será o árbitro de vídeo da
partida, em mais um teste do sistema VAR ("video assistent referee")
pela Fifa antes de buscar a aprovação da tecnologia para a Copa do
Mundo.
O juiz do jogo será o colombiano Wilmar Roldán, acompanhado pelos
bandeirinhas Alexander Guzman e Cristian de la Cruz, seus compatriotas.
Sandro Meira foi escalado para ser o árbitro VAR e contará com o auxílio
do canadense Joe Fletcher e do paraguaio Enrique Caceres na sala com os
monitores.
Após a Copa das Confederações, a Fifa usará o sistema VAR no Mundial de
Clubes, em dezembro nos Emirados. Antes, a entidade testou a tecnologia
no Mundial de Clubes de 2016 e no último Mundial Sub-20, neste ano. Em
março, uma reunião da International Football Association Board (IFBA) -
entidade responsável pelas regras do jogo - decidirá se a arbitragem de
vídeo poderá ser utilizada na Copa do Mundo de 2018.