O sambista Almir Guineto morreu, aos 70 anos, na manhã desta sexta-feira (5) no Rio após complicações de problemas renais crônicos e diabetes.
Um dos fundadores do Fundo de Quintal, ele estava em tratamento no
Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
A família do cantor agradeceu pelas orações e o carinho de todos os fãs
e admiradores através de uma rede social. As informações sobre o
velório e o sepultamento ainda não foram divulga
Nos últimos 15 meses, Almir Guineto lutava contra problemas renais
crônicos, o que o impossibilitou de assumir compromissos em shows e
apresentações.
Durante a edição desta sexta-feira do programa Estúdio I, da GloboNews,
Ubirany, amigo, antigo parceiro de samba e integrante do Fundo de
Quintal, lamentou a morte de Almir Guineto.
"É um momento de muita tristeza para todos nós. Uma perda grande demais
para o mundo do samba. O Almir nos deixou um legado imenso de
composições. De certa forma, acho que agora ele pôde descansar. Os
últimos meses foram de muito sofrimento".
Biografia
Nascido e criado no Morro do Salgueiro, na Zona Norte do Rio, Almir
Guineto teve contato direto com o samba desde a infância, já que havia
vários músicos em sua família. Seu pai Iraci de Souza Serra era
violonista e integrava o grupo Fina Flor do Samba; sua mãe Nair de
Souza, conhecida como "Dona Fia", era costureira e uma das principais
figuras da Acadêmicos do Salgueiro; seu irmão Francisco de Souza Serra,
conhecido como Chiquinho, foi um dos fundadores dos "Originais do
Samba".
Na década de 1970, Almir já era mestre de bateria e um dos diretores da
Salgueiro e fazia parte do grupo de compositores que freqüentavam o
Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Nessa época, Almir inovou o samba
ao introduzir o banjo adaptado com um braço de cavaquinho. O instrumento
híbrido foi adotado por vários grupos de samba.
Em 1979, Almir mudou-se para a cidade de São Paulo para se tornar o
cavaquinista dos Originais do Samba. Lá fez "Bebedeira do Zé", sua
primeira composição gravada pelo grupo, onde a voz do Sambista aparece
puxa o verso "Mas dá um tempo na cachaça, Zé/ Para prolongar o seu
viver" e a sambista Beth Carvalho gravou algumas composições de Guineto,
como "Coisinha do Pai", "Pedi ao Céu" e "Tem Nada Não".
Fundo de Quintal e carreira solo
No início dos anos 80, ele ajudou a fundar o grupo Fundo de Quintal
junto com os sambistas Bira, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e
Ubirany. Mas ele deixou o grupo logo após a gravação de "Samba é no
Fundo de Quintal", primeiro LP do conjunto, e seguiu para carreira solo.
O músico é autor de músicas como "Caxambu", "Meiguice Descarada" e
"Conselho".
Sua notoriedade como compositor e intérprete aumentaria ao longo
daquela década. Beth Carvalho gravou "É, Pois, É" em 1981, "À Luta,
Vai-Vai!" e "Não Quero Saber Mais Dela" em 1984, "Da Melhor Qualidade"
com Arlindo Cruz e outros sucessos.
Em 1986, foi lançado o LP "Almir Guineto", que teve grande sucesso
comercial. Nesse disco, Almir Guineto gravou algumas de suas parcerias
com Adalto Magalha, Beto Sem Braço, Guará da Empresa, Luverci Ernesto e
Zeca Pagodinho. Entre os grandes destaques, estão "Caxambu", "Mel na
Boca", "Lama nas Ruas" e "Conselho".