Entrando no sétimo ano consecutivo de seca, o semiárido brasileiro está
com 17% do volume de água, e o total não seria capaz de encher o maior
açude da região. O dado é do sistema Olho N'Água, do Insa (Instituto
Nacional do Semiárido) e da UFCG (Universidade Federal de Campina
Grande), que pela primeira vez fazem uma soma em tempo real do volume de
todos os reservatórios em nove Estados. Cerca de 24 milhões de pessoas,
em 1.133 cidades do semiárido, são diretamente afetadas por esta seca.
A capacidade de água dos reservatórios monitorados é de 33 bilhões de
m³, mas hoje o volume total deles é de apenas 5,6 bilhões de m³ --ou
16,9% do total. Cada metro cúbico equivale a mil litros de água.
Atualmente, 50,5% dos reservatórios está com menos de 10% da capacidade
máxima.
Para dar ideia da situação, toda a água armazenada no semiárido inteiro
não seria capaz de encher o açude do Castanhão, em Jaguaribara (CE), que
tem capacidade para 6,7 bilhões de m³ e hoje está com apenas 5,8% do
volume máximo. O açude é o maior reservatório do semiárido e abastece
Fortaleza. Sem outra opção à vista para captar água, o governo cearense
lançou edital para contratar empresas que desenvolvam projetos de
dessalinização da água do mar.
"É uma situação grave, que ainda não havia sido registrada. Realmente
nunca chegamos a uma situação tão crítica", afirma Salomão de Sousa
Medeiros, doutor em recursos hídricos e diretor do Insa.
Os dados do sistema incluem os reservatórios dos Estados de Alagoas,
Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe. Apesar de estar no Nordeste, o Maranhão não tem área no
semiárido.
Uol