A Polícia Federal concluiu que os ex-presidentes
Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, além do ex-ministro Aloizio
Mercadante, atuaram para obstruir trabalhos da Operação Lava Jato.
Aos três a PF atribuiu o crime de obstrução de Justiça. A polícia ainda imputa a Mercadante o crime de tráfico de influência.
Os
dados fazem parte de um relatório parcial enviado ao STF (Supremo
Tribunal Federal) na última quinta-feira (16). O material agora está nas
mãos do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte.
A informação foi publicada nesta segunda-feira (20) no site do jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada pela reportagem.
A
PGR (Procuradoria-Geral da República) também vai receber o conteúdo das
investigações da PF e deve se manifestar a respeito no inquérito em
andamento.
As
investigações são baseadas na nomeação de Lula à Casa Civil em março do
ano passado, numa gravação de uma conversa entre Mercadante e um
ex-assessor de Delcídio do Amaral, e na indicação do ministro Marcelo
Navarro Ribeiro Dantas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) -segundo
delação de Delcídio, a nomeação dele ao tribunal teria como objetivo
soltar Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da empreiteira
baiana.
Como
nenhum dos três -Lula, Dilma e Mercadante- tem foro privilegiado, o
pedido feito no relatório é que a parte referente ao ministro do STJ
seja desmembrada e que o trio responda aos supostos crimes em primeira
instância.
Para
a polícia, há provas de que Mercadante atuou para atrapalhar as
investigações da Lava Jato e que a nomeação de Lula à Casa Civil teve
como intenção obstruir a Justiça já que o petista, na ocasião, era alvo
de inquérito.
Em
nota, a defesa de Lula afirma que a conclusão da PF é "desprovida de
qualquer fundamento jurídico" e acusa o delegado de "perseguição" ao
ex-presidente.