Conforme adiantamos em agosto,
o desligamento da TV analógica vai demorar mais que o previsto. Após o
projeto atrasar um pouco mais que o esperado na cidade de Rio Verde
(GO), o Ministério das Comunicações (MC) resolveu divulgar um novo cronograma para a frequência da TV analógica parar de funcionar.
A
cidade, que estava definida como projeto piloto para o desligamento em
29 de novembro de 2015, agora só verá o fim da TV analógica no dia 15 de
fevereiro. Brasília e outras nove cidades em torno do Distrito Federal
farão a migração em outubro. Enquanto isso, as capitais São Paulo, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte (e outras dezenas de cidades em vários
estados) não terão mais o desligamento neste ano.
Agora, além das
três capitais acima, as cidades de Vitória, Goiânia, Salvador, Recife,
Fortaleza e outras do estado de São Paulo e da região Nordeste só verão o
sinal de TV analógica ser desligado ao longo de 2017. Em 2018, o mesmo
ocorrerá em capitais e importantes cidades das regiões Sul, Centro-Oeste
e Norte, além de todo o interior dos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo.
As demais cidades precisarão esperar até 2023 para que a TV analógica seja desligada. Mas por que seu desligamento foi adiado novamente?
Segundo Roberto Pinto Martins, secretário de Comunicação Eletrônica do
MC, o ajuste foi feito pensando nos grandes eventos durante os próximos
dois anos. “Teremos as eleições municipais e Olimpíadas neste ano, além
de novas eleições e outra Copa em 2018. Todos esses eventos têm
participação fundamental da TV aberta”, explica.
Além disso, a
cobertura deve estar de acordo com as especificações do MC, com 93% dos
municípios tendo acesso ao sinal digital. Em agosto, como aponta o Convergência Digital, na cidade de Rio Verde, entre 24% e 53% dos 55 mil lares tinham condição de continuar assistindo televisão aberta após o desligamento.
Vale
lembrar que o grupo responsável pela transição dos sistemas, batizado
de Gired, terá de apresentar ao MC um relatório trimestral sobre o
processo de transição do sistema analógico de TV para o digital. Caso o
grupo julgue necessário, poderá apresentar ao Ministério a alteração
desse percentual, sob decisão unânime.
Campanha para o desligamento
Em maio de 2015, a Anatel
começou a veicular uma campanha publicitária em São Paulo para avisar
os telespectadores sobre o desligamento. Isso deve acontecer um ano
antes da data prevista para a transição em cada cidade, segundo o MC. O
logotipo indicativo de que a transmissão feita é analógica e as tarjas
informativas sobre o desligamento devem aparecer com mais frequência
conforme a data limite do desligamento.
O Ministério também deve
abordar outras táticas para garantir que a transição da TV analógica
para a digital seja informada para toda a população. 180 dias antes do
prazo final, cartelas informativas serão exibidas; 75 dias antes, vídeos
informativos. As cidades em que o desligamento irá acontecer esse ano
terão 30 dias para se adaptar.
Com essas campanhas, as emissoras
de TV ainda precisarão adotar a proporção widescreen (16:9) em suas
transmissões. Exceto, como aponta o Ministério das Comunicações,
programas jornalísticos, propagandas e materiais originalmente
produzidos em 4:3.
Lembrando que o desligamento da TV analógica favorece a liberação da faixa de 700 MHz para o 4G,
que tem maior penetração de sinal que as de 1,8 GHz e 2,6 GHz atuais. É
isso que Roberto Martins quer destacar nas campanhas. “A população está
informada sobre o desligamento, mas não tem a percepção de que é uma
evolução das telecomunicações”, comenta.