Nova produção da Disney, “Moana” dá um chega para lá nos estereótipos das animações do estúdio (Foto: Divulgação)
Mulan” (1998) e
“Valente” (2012) já haviam quebrado alguns paradigmas embutidos nas
produções do gênero, mas com “Moana”, estúdio dá um passo além. A nova
princesa da Disney é a primeira a rejeitar o rótulo de princesa.
Voluntariosa, determinada, independente e autossuficiente, a
protagonista de “Moana – Um Mar de Aventuras”, que estreia nesta
quinta-feira, 5, nos cinemas, foge do estereótipo de heroína presente na
grande maioria das animações do estúdio.
Nada de príncipe. Nada
de par romântico. Com a árdua missão de salvar sua ilha e seu povo da
destruição, a jovem polinésia de Motu Nui não tem tempo para historinhas
de amor. Também em termos de aparência, Moana se distingue de suas
antecessoras. A pele morena, o corpo torneado, os cabelos crespos, os
olhos amendoados e decididos ajudam a construir a identidade de uma
destemida navegadora da região do Pacífico Sul, dona de um espírito
livre.
De certa forma, “Mulan”
(1998) e “Valente” (2012) já haviam quebrado alguns paradigmas embutidos
nas produções do gênero, como a fragilidade das personagens e o romance
sempre em primeiro plano. Mas, com essa nova aposta, o estúdio dá um
passo além e oferece aos espectadores uma proposta inédita –
principalmente em relação ao tema central da narrativa.
Uma heroína carismática e contemporânea
Não se trata apenas
da jornada de uma corajosa heroína para defender sua terra e sua
família. A mensagem é mais ousada, mais ambiciosa e alinhada às demandas
atuais da sociedade. A personagem toma as rédeas da própria vida mesmo
se alguém tenta impedi-la de seguir em frente. Trata-se, portanto, de um
filme sobre o empoderamento feminino, sobre a liberdade de escolhas.
Filha do chefe de uma tribo da Polinésia, Moana vive dividida entre corresponder o desejo do pai de se tornar a próxima líder de Motu Nui e a atender ao chamado do oceano. Para dar conta de tamanho conflito, ela tem a ajuda da avó. Quando descobre que sua ilha e seu povo estão ameaçados, a garota parte em uma empolgante aventura marítima.
No caminho, Moana
precisa encontrar Maui, um semideus pouco modesto, grandalhão, cabeludo e
tatuado, que irá acompanhá-la nessa expedição mítica, repleta de
perigos e paisagens exuberantes. Ao retratar a cultura, as lendas e os
cenários da Polinésia, a Disney dispõe de um prato cheio para exibir o
auge de sua capacidade técnica em animação. Do início ao fim, o filme
impressiona pela qualidade visual, pela riqueza de detalhes e pela
perfeição.
O cabelo da heroína
parece ter vida própria; as tatuagens animadas de Maui – que funcionam
como sua consciência – são uma atração à parte; o oceano é quase real.
Tudo isso permeado
por uma volumosa trilha sonora, com canções de Lin-Manuel Miranda, do
samoano Opetaia Foa’i, além das instrumentais de Mark Mancina.
Embora numa dose
menor do que o cantarolante “Frozen” (2013), Moana também é um longa
musical que, em alguns momentos, abusa da paciência. O exagero, porém,
não atrapalha o ritmo da história. Humor, aventura, tensão e emoção
embalam a saga da jovem navegadora e do parceiro grandalhão. Diversão
garantida para crianças e adultos. Entre as princesas que a Disney já
criou, a menos princesa de todas, é, de longe, uma das mais
carismáticas, interessantes e contemporâneas.
(Marina Galeano/FolhaPress)