O Ceará registrou três casos suspeitos de "mialgia aguda a esclarecer",
a síndrome ainda misteriosa que está sendo chamada de "doença da urina
preta". Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (12), pela
Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). Em nota técnica, a Pasta informou que os casos estão sendo investigados e as amostras colhidas estão em fase de análise.
De acordo com a Sesa, os sinais e sintomas apresentados foram: dores musculares intensas de início súbito, acometendo principalmente a região cervical, membros inferiores e superiores e mudança na tonalidade da urina (variando entre vermelho escuro e castanho). Nenhum dos pacientes apresentou febre, cefaleia, artralgia ou exantema.
Os três casos no Estado foram notificados até o último dia 10. A Sesa
esclarece que foi realizada a coleta de amostras dos pacientes para diagnóstico laboratorial e
que tanto a Pasta quanto a Secretaria de Saúde do Município de
Fortaleza estão monitorando a investigação, com objetivo de esclarecer a
síndrome, e também estão considerando os casos registrados na Bahia.
Em visita ao Ceará, o ministro da Saúde, Ricardo Barros,
afirmou que a Pasta está acompanhando os casos e que na Bahia não houve
mais incidência da doença. "É uma questão que está sendo acompanhada,
nós esperamos logo ter a possibilidade de identificar efetivamente o que
se trata e providenciar os cuidados para que ela não se propague",
disse.
Um dos casos suspeitos no Ceará veio da Bahia, diz secretário
Já o secretário de Saúde do Ceará, Henrique Javi, afirmou que a doença é
uma condição nova e que os três casos ainda estão em investigação, não
tendo uma definição clara da causa. Sobre os casos, o titular da Saúde
revela: "um dos nossos casos é de uma pessoa que veio da Bahia, esteve
no Ceará no fim do ano e voltou para lá com sintomas. Os outros dois
casos são do Ceará. Um é da família da pessoa que veio da Bahia. O
terceiro também teve um convívio, no mesmo local, na mesma região".
Javi reforça que é preciso ter cautela para entender a doença e diz que
o quadro das pessoas que estão no Estado é estável. "Os dois são de
Fortaleza. A pessoa que foi para a Bahia era uma mulher. Os outros dois
casos, se não me engano, são masculinos", afirmou.
Sesa afirma que tratamento é sintomático
Segundo a Pasta, o tratamento da doença é sintomático e
recomenda-se observar a mudança na tonalidade da urina como sinal de
alerta, neste caso o paciente deve ser hidratado imediatamente a
critério. Não é recomendado, nesses casos, o uso de antiinflamatórios.
Na nota técnica, a Sesa informa que a mialgia aguda a esclarecer não é
uma doença de notificação compulsória, porém dever haver notificação
imediata dos pacientes que apresentarem os sintomas ao Centro de
Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
A secretaria orienta ainda que devem ser coletados os seguintes exames
em casos de pacientes suspeitos, que devem ser encaminhados para o
Laboratório Central do Estado:
- Fezes (in natura)
- Urina (mínimo de 03 ml)
- Soro (mínimo de 03 ml)
- Hemocultura
52 casos registrados na Bahia
Os primeiros casos da doença surgiram em dezembro de 2016, na Bahia. Na época, o governo baiano emitiu alerta epidemiológico
informando às unidades de saúde do Estado sobre a doença, chamada
"mialgia [dor muscular] aguda a esclarecer". Até 5 de janeiro, o governo
da Bahia registrou 52 casos suspeitos da doença, todos na Região Metropolitana de Salvador. No boletim anterior, de 19 de dezembro, eram 22 casos.
Um homem que apresentava sintomas de uma "doença misteriosa" que causa
dor forte muscular, além de urina na coloração escura, de morreu na
cidade de Vera Cruz, na região metropolitana de
Salvador, no último dia 31 de dezembro. A informação foi divulgada nesta
terça-feira (10) pela Secretaria de Saúde da Bahia. O governo baiano
investiga a causa da morte e não confirma a correlação com a doença. Há
suspeita que ele tinha sofrido um infarto. Uma segunda vítima que estava
com sintomas da doença faleceu no último dia 7.