terça-feira, 16 de agosto de 2016

Thiago se emociona com noite tensa e mágica no Engenhão: "Foi um milagre"


Ainda é difícil acreditar. Depois de tantas frustrações nas grandes competições, Thiago Braz desencantou justamente na maior de todas. No Estádio Olímpico da Rio 2016, com a maior pressão já enfrentada na carreira, o brasileiro quebrou os limites do corpo e da mente. Rompeu da barreira dos seis metros, desbancou o favorito Renaud Lavillenie e sagrou-se campeão olímpico do salto com vara. Foi uma noite para não esquecer jamais.

- Foi um milagre. Estou muito contente pela conquista, pelo meu salto, pelo tempo que fez. Choveu, parou, ventou, parou... Tudo funcionou para que desse certo. Estou muito feliz com a vitória. Minha vida mudou, mas nem sei como mudou ainda. Daqui para frente, vou percebendo um pouco como isso vai ficar. Uma medalha olímpica era muito importante até para a continuidade da minha carreira. Para continuar meu trabalho lá fora, dependo de apoio. Estou muito feliz com o que aconteceu.

Thiago acertou seis saltos até cravar o recorde olímpico de 6,03m. Deixou Lavillenie estupefato com o crescimento no momento mais crítico da competição e com a estratégia de pular a marca dos 5,98m, cujo acerto não seria suficiente para dar-lhe o ouro. O próprio brasileiro ficou surpreso com o feito.
 
Thiago Braz  (Foto: Reuters ) 
 
Thiago Braz passa da barreira dos seis metros e já cai comemorando recorde e o ouro que viria (Foto: Reuters )
 
- Foi um sonho concluído. Nem eu imaginei naquele momento. Pensei: "Poxa, será que vai passar?". No segundo salto, tentei tirar todo lado negativo e até mesmo os positivos, que estavam me empurrando muito para frente. Então, me zerei, estava tranquilo e sereno para dar certo. Tentei não ter medo e sabia que dava para passar.

Com ele, retirou um enorme peso das costas. Quando não havia torcida ou câmeras por perto, Thiago brilhava, melhorava as próprias marcas em sequência. O problema era a criação da expectativa e a frustração que sucedia as grandes competições. No Pan de Toronto, zerou todos os saltos. No Mundial de Pequim, um mês depois, ficou em apenas 19º lugar e não passou à final. No Mundial indoor de Portland, no início deste ano, acertou apenas um salto e deu adeus precocemente. O próprio Lavillenie colocou em xeque sua capacidade de vencer.

- O meu treinador tem trabalhado comigo muito tempo. Trabalhou psicologicamente, de me colocar em situações ruins, tentando fazer com que saltasse em más condições para que eu tentasse vencer essas barreiras. Por fim, deu certo. Tudo que ele planejou, teve um benefício.