Um
feto infetado com o vírus Zika corre um risco de desenvolver
microcefalia entre 1% e 13% durante o primeiro trimestre de gravidez,
segundo um estudo publicado nessa quarta-feira (25) na revista New England Journal of Medicine.
Os
investigadores dos centros norte-americanos de Controle de Doenças
chegaram a esta estimativa criando um modelo matemático baseado em
estatísticas de infeções pelo vírus Zika e de casos de microcefalia na
Polinésia francesa, que sofreu um surto em 2013, bem como no estado da
Bahia no Brasil.
Esta malformação congênita irreversível,
habitualmente rara, resulta em bebês que nascem com o crânio
anormalmente pequeno e apresentam desenvolvimento cerebral incompleto.
Normalmente,
a microcefalia é rara, verificando-se em 0,02% a 0,12% dos nascimentos
nos Estados Unidos. A frequência de outras malformações de nascença mais
habituais, como a trissomia 21, é inferior a 1%.
Essa é a
primeira estimativa de risco de microcefalia em fetos de mulheres que
foram infetadas durante a atual epidemia. Os investigadores dos centros
de controlo de doenças e da Universidade de Harvard determinaram que há
uma relação muito forte de causa-efeito entre uma infecção pelo vírus
Zika durante o primeiro trimestre da gravidez e o risco de microcefalia
no feto, que se torna irrelevante no segundo e terceiro trimestres de
gestação.
O Brasil, onde o Zika é majoritariamente transmitido
pelo mosquito Aedes aegypti, é o país, até o momento, mais afetado pelos
casos de microcefalia, mas o cenário poderá repetir-se em outros
locais.
“Se o risco de infeção pelo Zika nas mulheres grávidas e
de microcefalia nos fetos que carregam é semelhante noutras zonas
geográficas onde o vírus ainda não está propagado, podemos esperar
muitos casos de microcefalia e outros efeitos cerebrais nefastos”,
afirma o estudo.
No Brasil, há registo de cerca de 3,6 mil
grávidas infectadas pelo Zika desde janeiro. Desde o início da epidemia,
em 2015, contam-se mais de 1,4 mil casos de microcefalia e de outros
problemas neurológicos confirmados.