Desde o anúncio oficial do fim do Ministério da Cultura (MinC),
na última quinta-feira, atores que vinham se posicionando de maneira
favorável ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma
Rousseff têm sido bombardeados em suas redes sociais. Uma foto publicada
originalmente em março, em que Susana Vieira, Marcelo Serrado e Márcio
Garcia dividem espaço em uma van rumo a um protesto em Copacabana, com
os dizeres "Oba! Acabamos com o Ministério da Cultura" viralizou nas
últimas horas.
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Ao GLOBO, Marcelo Serrado lamentou os comentários que tomam conta de suas publicações.
— Não vejo como uma campanha contra mim. São as pessoas contra si
próprias, em um Fla x Flu que prefiro nem comentar. É muito triste esse
momento de arrogância que prevalece tanto de um lado quando do outro —
afirmou por telefone. — As pessoas têm que pensar em um país melhor. E
nós continuamos na luta. Nós, artistas. Vejo pessoas sérias de ambos os
lados.
Questionado quanto à sua opinião sobre o fim do MinC, Serrado mencionou a possibilidade, ventilada nesta sexta-feira, da criação de uma Secretaria Nacional de Cultura, que seria ligada diretamente à Presidência da República e não mais abaixo da estrutura do Ministério da Educação (MEC):
— Vamos torcer para essa Secretaria sair. Não podemos esquecer que o
governo anterior estava querendo extinguir a Lei Rouanet... Precisamos
ter discernimento contra os dois lados. Um país sem cultura é um país
sem identidade. Minha opinião é bem clara: tudo o que está aí na
política nacional é muito corrosivo. Tem que ter uma limpeza geral. É um
momento muito triste para nós, pessoas do bem, trabalhadoras.
EX-MINISTRO DEFENDIA MUDANÇAS
Principal fonte
de recursos da cultura brasileira, a Lei Rouanet completou 25 anos em
2016 cercada de polêmica. Defendida por produtores, mas criticada pelo
ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, ela voltou à berlinda em
fevereiro, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) se manifestou
contra o uso de recursos oriundos de renúncia fiscal para financiar
espetáculos e eventos com “potencial lucrativo”.
Juca Ferreira defendia trocar a lei atual pelo Procultura, projeto já
aprovado na Câmara e que tramita no Senado. O Procultura manteria os
mecanismos atuais de incentivo, mas mudaria sua regulamentação ao acabar
com a renúncia de 100% e exigir contrapartida do patrocinador. Com
isso, o dinheiro iria para o Fundo Nacional de Cultura, a ser dividido
por áreas, cada uma gerida por um conselho formado por representantes do
setor.