sábado, 16 de abril de 2016

Oposição acusa governo de dar terras ao Amapá por votos contra impeachment

    Dilma durante cerimônia de transferência de terras para o Estado do Amapá, na sexta-feira
Advogados dos partidos de oposição PSDB, DEM, PPS, PTB e PSC informaram que pretendem notificar a Polícia Federal sobre suposta compra de votos de deputados federais, pelo governo, contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Segundo a acusação, o governo teria decidido transferir terras da União para o Estado do Amapá para garantir que os oito deputados federais do Estado votem contra a continuidade do processo de impeachment. Seis deles estariam indecisos.

Ainda de acordo com a denúncia, "o decreto de transferência foi assinado ontem em cerimônia no Palácio do Planalto, porém não foi publicado no Diário Oficial da União de hoje". A queixa deve incluir, além de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores e outros integrantes do governo.

"Há mais de uma década o povo do Amapá vem pleiteando isso. Não sou contra a transferência, se fosse uma situação normal. A 24 horas da votação do impeachment, nós entendemos que é utilização da máquina pública", afirmou o líder do DEM,  Pauderney Avelino (AM). 

Em nota enviada ao UOL, o Palácio do Planalto defendeu a legalidade do decreto que fez a transferência das terras e disse que o ato foi fruto de uma determinação legal, que contou com a participação de 16 órgãos do governo federal e do governo do Amapá (leia a íntegra da nota abaixo)

Transferência já vinha sendo discutida, diz petista

Deputados federais petistas procurados pela reportagem negaram a acusação. 

Zé Geraldo (PT-PA) afirmou que o processo de transferência de terras é algo que vem sendo discutido há tempo e não tem relação com a votação do impeachment. "Isso está sendo discutido há bastante tempo. É um processo que estava em curso", disse. Ele citou, como exemplo, o fato de o governo já ter anteriormente transferido terras da União para Roraima.

"Essa denúncia da oposição é ridícula. Não procede", disse Pepe Vargas (PT--RS). Ele afirmou a presidenta não está praticando qualquer outro ilegal. "A presidente é chefe de governo e está retirando pessoas que são desleais à sua administração, legitimada pelo voto popular, e nomeando pessoas de sua confiança."

Cerimônia não foi comunicada previamente

A cerimônia em que foi assinada a transferência de terras aconteceu na tarde de sexta-feira (15), com discurso da presidente Dilma Rousseff. Nem evento nem o discurso foram informados previamente pelo Planalto. A cerimônia só foi incluída na agenda da presidente em uma atualização feita à noite.

Dilma disse que "é fundamental que a União não seja a proprietária das terras do Estado. Porque seria de fato uma contradição a União, e não o Estado, deter as terras."

Dilma lembrou que o Amapá era o último Estado da federação a não ter suas próprias terras e que o ato de transferência das terras da União "é um instrumento de maior crescimento para o Estado e para sua população".

Veja a íntegra da nota enviada pelo Palácio do Planalto:

"A edição de Decreto cumpre com a regulamentação da Lei Nº 10.304, de 5 de novembro de 2001, no que se refere à transferência ao domínio do Estado do Amapá de terras pertencentes à União."

"A mesma situação se deu antes com a transferência para o Estado de Roraima. Com a mudança do status de ambos os ex-Territórios em Estados pela Constituição