O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), anunciou
na noite desta quarta-feira que vai abrir o processo de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff. O pedido, feito pelos juristas
Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Flávio Costa, foi
protocolado por líderes da oposição em outubro. O documento baseia-se
nas pedaladas fiscais, que, segundo o Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas da União (TCU), se repetiram em 2015. A presidente
Dilma Rousseff vai se pronunciar, no Palácio do Planalto, sobre a
aceitação do pedido ainda nesta noite.
— Não faço isso por motivação política e rejeitaria (o pedido) se
estivesse em desacordo com a lei — disse Cunha, que ressaltou não ter
comunicado ninguém do Palácio do Planalto. — É uma decisão de muita
reflexão e dificuldade. Nunca na história de um mandato houve tantos
pedidos de impeachment. Não tenho nenhuma felicidade no ato que estou
praticando.
A opção de Cunha de abrir o processo de impeachment levou em conta,
segundo aliados, o posicionamento do PT durante o dia. Aliados de Cunha
afirmaram que o presidente da Câmara se sentiu enganado, uma vez que,
pela manhã, o Palácio do Planalto havia acenado que o PT estaria unido a
ele. À tarde, no entanto, os representantes do partido no Conselho de
Ética afirmaram que votariam pela admissibilidade do processo contra
Cunha dentro do Conselho.
O presidente da Câmara vai constituir uma comissão especial para
avaliar o impeachment. Cunha também vai estudar a possibilidade de
suspender o recesso parlamentar apenas para que a comissão funcione.
Aliados de Cunha também disseram que estão convictos de que, com a
ação do presidente, ele vai reverter os votos do PSDB e do DEM no
Conselho de Ética. O PSDB tem uma reunião de emergência marcada para
esta quarta-feira para falar sobre o assunto.