SÃO PAULO (Reuters)
- Grupos de caminhoneiros começaram greve nesta segunda-feira,
interrompendo algumas rodovias do Brasil, em uma mobilização organizada
por meio de redes sociais em protesto contra a presidente Dilma Rousseff
e que já começa a preocupar alguns setores exportadores.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, há na manhã desta
segunda-feira bloqueios em pelo menos quatro pontos de rodovias
federais de Minas Gerais. No Paraná, há interrupção parcial em cinco
pontos de rodovias federais.
Na BR-280, em Santa Catarina, manifestantes bloqueiam a
passagem de todos os caminhões, que são desviados para o acostamento.
Segundo a polícia do Rio Grande do Sul, há
manifestações em dez pontos de diferentes de estradas estaduais e
federais do Estado, mas sem interrupção do tráfego.
Também há relatos na imprensa local de protestos no Espírito Santo, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins.
Ainda segundo a Polícia Rodoviária Federal, não há
protestos neste momento em Mato Grosso, principal Estado produtor de
grãos, que está transportando grandes volumes de milho e recebendo
insumos para o plantio da nova safra de soja.
Não existe ainda uma avaliação abrangente sobre os
problemas causados pelos bloqueios ao transporte de carga e ao fluxo de
produtos exportados pelo Brasil.
Mesmo assim, as indústrias exportadoras de frango e
suínos estão em alerta com o movimento iniciado nesta segunda-feira,
temendo impacto para os embarques nos próximos dias.
No primeiro semestre, outra paralisação de motoristas
gerou prejuízos de mais de 700 milhões de reais para as indústrias,
segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
"Agora é mais sério. Alguns mercados compradores, como
Rússia e Leste Europeu, estão exigindo que tudo seja carregado até 20 de
novembro ou no máximo até o fim do mês", disse à Reuters o
presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, lembrando que os portos
do Hemisfério Norte ficam fechados pelo gelo em meses como janeiro e
fevereiro.
As associações tradicionais de representação dos
caminhoneiros, como a União Nacional dos Caminhoneiros e o Movimento
União Brasil Caminhoneiro, não participam do movimento.
Um dos grupos organizadores da paralisação, o Comando
Nacional do Transporte, que se organiza por redes sociais, disse que
deseja a renúncia da presidente Dilma, na esteira do aumento dos custos
de combustíveis e energia e com a recessão econômica.
O governo federal avalia que a greve dos caminhoneiros é
"pontual" e tem como único objetivo gerar desgaste político, disse
nesta segunda-feira o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República, Edinho Silva.
"Se tivermos uma pauta de reivindicações, o governo
sempre está aberto ao diálogo, mas é uma greve que se caracteriza com o
único objetivo de gerar desgaste ao governo", disse, afirmando entender
que é uma manifestação que atinge "pontualmente" algumas regiões do
país.
No início de março, Dilma sancionou sem vetos a Lei dos
Caminhoneiros, que alivia pagamento de pedágio, perdoa multas e promete
ampliar pontos de paradas para descanso, após greve de caminhoneiros em
fevereiro que bloqueou estradas pelo país.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy, em Brasília)