Conforme a delegada Ana Lúcia Almeida, houve uma briga na noite do crime (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Os dois corpos foram encontrados por familiares, no quarto do casal. Conforme relato de testemunhas à Polícia, houve uma briga na noite do crime. No entanto, a discussão acalorada não levantou suspeitas, porque acontecia com certa frequência.
"Os dois brigavam e bebiam muito. Ele já tinha feito disparos de arma de fogo dentro da casa. Uma das testemunhas ouvidas no inquérito disse que em uma ocasião, a briga foi tão séria que Luis Tadeu ameaçou Célia com uma arma e ela pegou uma faca para se defender", contou Ana Lúcia Almeida.
A delegada disse que havia um procedimento no 34ºDP (Centro) contra o casal, por embriaguez e desordem, no fim do ano passado. "Infelizmente, eles passavam por uma fase muito difícil. Eram pessoas boas. Muita gente veio aqui para dar declarações positivas sobre os dois. O problema parecia mesmo ser a fase que enfrentavam".
Dívidas e depressão
Conforme o inquérito apurado na DME, Luis Tadeu Santos contraiu muitas dívidas, depois que o helicentro, do qual era proprietário, teve uma queda nos lucros. Um contrato milionário estava em vigência há anos e teria sido rescindido. Isto teria provocado a derrocada da empresa.
Um acidente ocorrido, em 2014 com um helicóptero de Luis Tadeu, na Prainha, em Aquiraz, teria sido decisivo para o agravamento de seu quadro depressivo. "O helicóptero caiu no mar e não tinha seguro. Ele teve o prejuízo total de uma aeronave que custava cerca de R$ 3 milhões. Depois disto, se afundou em dívidas e em uma depressão, que o afetou demais", declarou a presidente do inquérito.
As visitas de um oficial de Justiça para executar as dívidas do empresário se tornaram constantes e começou uma nova fase, a do medo de que seus bens fossem penhorados. "As testemunhas relatam uma paranoia dele com estas visitas do oficial de Justiça. Demonstrava ter muito medo de perder tudo e de deixar sua família cheia de dívidas", contou Ana Lúcia Almeida.
Por conta de seu quadro clínico, o empresário foi ao psiquiatra, que lhe receitou psicotrópicos. Segundo a delegada, os remédios o deixavam impaciente e agressivo, quando eram misturados à bebidas alcoólicas.
"Tanto ele, quanto a Célia usavam psicotrópicos e bebiam, quando é sabido de todo paciente que isto não deve ser feito. O médico alerta sobre o perigo de misturar drogas ao álcool. Em uma das crises dele, ela chegou a esconder as outras armas que tinha em casa, porque tinha medo do que poderia lhe acontecer. No entanto, no dia em que ele a executou, usou um revólver que guardava dentro do armário do quarto", contou Almeida.
Os psicotrópicos usados pelo casal foram apreendidos, bem como o revólver usado no crime. Ana Lúcia Almeida disse que as outras armas ainda não foram encontradas. Foram apreendidas também 38 munições intactas e três deflagradas, que seriam as que mataram o casal.
Fonte: Diário do Nordeste