A caixa negra do Airbus A320 da Germanwings que se despenhou na terça-feira nos Alpes foi encontrada, mas está danificada, confirmou na manhã desta quarta-feira o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve. Apesar dos estragos causados pelo desastre, a componente da caixa negra correspondente à gravação dos sons do cockpit irá ser analisada em laboratório, de acordo com uma fonte próxima do processo, em declarações ao jornal Le Monde. A caixa negra relativa à informação do voo, que engloba os parâmetros não sonoros, continua a ser procurada.
A análise ao conteúdo das duas caixas negras será determinante para se apurarem as causas da queda do avião nos Alpes franceses. A aeronave operada pela Germanwings – a subsidiária low-cost da companhia alemã Lufthansa – tinha saído do aeroporto El Prat, em Barcelona, na manhã de terça-feira, e tinha como destino Dusseldorf, na Alemanha.
Depois de cerca de meia hora de voo, o avião começou a perder altitude de forma acelerada, sem que os pilotos tenham feito qualquer comunicação de emergência com a torre de controlo. Não houve sobreviventes entre as 150 pessoas a bordo.
Quanto às possíveis razões que terão provocado o acidente, Bernard Cazeneuve admitiu que “todas as hipóteses devem ser analisadas”. Porém, na entrevista desta manhã à rádio RTL, o ministro considera que o cenário de atentado terrorista “não é a hipótese privilegiada”, uma vez que “o avião não explodiu verdadeiramente”.
A lista das nacionalidades dos passageiros ainda não foi revelada, mas a maioria tinha nacionalidade espanhola e alemã, disse Cazeneuve. “Há também outras nacionalidades, não quero dar informações mais precisas, o Quai d’Orsay [Ministério dos Negócios Estrangeiros] está a fazer o seu trabalho”, acrescentou. Algumas informações não oficiais referem a presença de vários cidadãos turcos, mas também britânicos, australianos, marroquinos, belgas, japoneses, dinamarqueses, mexicanos, colombianos e argentinos.
Entretanto no local da queda foram retomadas as buscas pelas equipas de resgate. Os destroços do aparelho estão espalhados por uma área de cerca de dois quilómetros quadrados numa zona de difícil acesso, a 1500 metros de altitude. As buscas devem demorar “pelo menos uma semana” e serão precisos “vários dias” até ser possível repatriar os corpos das 150 vítimas, disse à AFP uma fonte policial.
Foram mobilizados 300 agentes da polícia e 380 bombeiros, para além de uma equipa de 30 elementos de uma força especial de resgate em montanhas, acrescenta a BBC. São esperadas esta quarta-feira as visitas da chanceler alemã, Angela Merkel; do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy; e do Presidente francês, François Hollande, ao local onde caiu o Airbus.
Alguns voos da Germanwings foram cancelados esta quarta-feira, informou a companhia aérea. A situação deve-se à recusa de alguns membros da tripulação, “que decidiram não operar aeronaves depois das notícias do acidente”, lê-se num comunicado.