Quando saiu de Quixeramobim, a 200 quilômetros de Fortaleza, para tentar a sorte como jogador no Ferroviário, em 1991, o agora ex-atacante Iarley não imaginava que seria campeão mundial duas vezes. Também não passou por sua cabeça que teria a oportunidade de atuar em gramados de três continentes diferentes (América, Europa e Ásia). Por todas as experiências e aprendizados que o futebol lhe ofereceu, Iarley encerra a carreira aos 40 anos sem arrependimentos.
O ponto final na trajetória como jogador já se desenhava na cabeça de Iarley há alguns anos, mas coube ao corpo dar a palavra final. “Sempre me cobrei muito, treinava muito. Você percebe que não tem mais o desempenho que tinha antes. Resolvi que era o momento de parar”.
Planos para o futuro já foram traçados, mas o presente se faz mais urgente. Depois de se dedicar por 20 anos à felicidade dos torcedores dos 12 clubes que defendeu, Iarley quer agora quer ser feliz ao lado da família. “Meus pais já têm uma certa idade. No momento me dedico à família”.
Ele também dá atenção a uma fábrica de panelas de alumínio, da qual é sócio. E os estudos também devem virar rotina na vida do ex-atleta. O objetivo é se qualificar para ser técnico. “Meu sonho é me tornar um treinador ou executivo de futebol. Tenho que me preparar, fazer os cursos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)”. O projeto inclui aprender outros idiomas e se manter atualizado.
A inspiração para se tornar treinador é Carlos Bianchi, ex-técnico do Boca Juniors (ARG). Foi sob o comando dele no clube argentino que Iarley foi campeão mundial pela primeira vez, em 2003. “Ele é um cara simples, objetivo e tem o grupo na mão”, descreve.
Mais do que os troféus, os momentos marcantes da carreira ficaram como legado das duas décadas em campo. Torcedor do Ceará desde pequeno, viu metade do coração virar colorado. “Sem dúvida o Internacional-RS está no mesmo patamar do meu Ceará”. Foi pelo clube gaúcho que o atacante se consagrou ao dar o passe para o gol de Adriano Gabiru, que deu o título mundial ao Inter em cima do Barcelona.
Frustrações não existem. Iarley encara cada revés ou decisão equivocada como um aprendizado. É o que aconteceu no início deste ano, com o Ferroviário, último clube que defendeu. “Queriam fazer marketing e buscamos reativar o nome do clube, que ficou bem falado. Tinha muito oba-oba, mas esqueceram de formar um time competitivo”. Mas ele deixa claro que não guarda mágoas nem se arrepende.
Fonte: O Povo